Custos logístico e tributário elevados e uma política cambial alheia às necessidades do comércio exterior são as principais desvantagens competitivas do Brasil no mercado internacional nos últimos anos, segundo o economista e empresário natural de Belo Horizonte (MG), presidente da Kaduna Consultoria e diretor titular do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca.
De acordo com o economista, estão faltando prioridades ao governo federal em relação ao comércio internacional. A recente notícia de uma possível suspensão do pagamento do Reintegra, benefício a quem fazem jus os exportadores de produtos manufaturados, para evitar que as contas públicas se deteriorem ainda mais nos próximos anos, levou o economista a declarar que o governo Dilma não dá a devida importância aos exportadores. “Um país que não possui uma atividade de comércio exterior competitiva, que dê equilíbrio em suas contas externas e que gere emprego e renda para a população não pode ser considerado um país que vai ter sucesso no futuro”, afirma.
Giannetti da Fonseca também tem forte opinião sobre a falta de acordos aduaneiros, como o Mercosul, e a relação do Brasil com os demais países do globo. “Há uma assimetria econômica muito grande no Mercosul e por isso o Brasil não tem mais muito a ganhar com esse acordo. Eu acho que agora temos que olhar para o resto do mundo, tardiamente, para tentar fazer acordos importantes com a União Europeia, com o Japão, e outros países na América Latina”, explica.
Nesta entrevista para o Anuário 2014 da Avicultura Industrial, o economista também aposta no agronegócio para o desenvolvimento do comércio exterior e aumento das exportações, porém, com ressalvas. “O Brasil tem uma diversidade de exportação bastante grande. Mas em geral, eu acho que todos os produtos da cadeia do agronegócio têm competitividade natural. Por conta da escala de produção, disponibilidade de terra, clima, custo de produção e produtividade agrícola muito boas. Mas temos que agregar valor a estes produtos”, se posiciona. Confira.
Avicultura Industrial – O Brasil ocupa atualmente uma posição de destaque diante da economia global. No entanto, especialistas dizem que faltam estratégias eficazes para melhorar sua inserção no comércio mundial. Qual sua avaliação sobre o assunto?
Roberto Giannetti da Fonseca – Na minha avaliação, estão faltando prioridades ao comércio exterior brasileiro. O governo não olha para a atividade de comércio exterior com um bom nível de interesse, de planejamento estratégico e de prioridade que deveria colocar. Tanto que nossas exportações de manufaturados têm caído nos últimos anos. Caído não, as exportações têm perdido participação relativa na pauta e apresentam, hoje em dia, uma crescente dificuldade em termos de competitividade.
AI – A política de relações exteriores do Brasil está ultrapassada?
Giannetti da Fonseca – Nas questões de negociações internacionais, estamos completamente ultrapassados. Estamos paralisados há muito tempo, com pouquíssima atividade de negócios em termos de acordos internacionais. Um pouco por conta do Mercosul, mas também em parte por conta de nossa inércia diplomática e comercial que não tem procurado firmar acordos de livre comércio com outros blocos econômicos do mundo.
AI – Como melhorar nossa relação comercial com outros países do globo?
Giannetti da Fonseca – Eu acho que é preciso uma política de comércio exterior integrada com todas as atividades relacionadas à este segmento da economia do País. Não bastam apenas negociações internacionais, ou apenas resolver questões como, por exemplo, as de logística ou de desoneração tributária. Tem que ter um conjunto. Deve haver um planejamento estratégico que atue em todas essas frentes de forma simultânea para que haja um resultado positivo e benigno para a economia brasileira, a fim de torná-la mais competitiva para capturar a demanda externa de produtos brasileiros e assim poder investir mais, crescer mais, aumentar capacidade instalada, gerar mais emprego, mais renda e mais resultados em nossa balança comercial.
AI – Quais as desvantagens competitivas do Brasil no mercado internacional atualmente?
Giannetti da Fonseca – Posso enumerar três. São elas o custo logístico elevado, o custo tributário elevado e uma política cambial totalmente alheia ao comércio exterior.
AI – Em 2012, o senhor afirmou ao Globonews que “Brasil protagoniza mudanças nas regras multilaterais da OMC”. Essa posição de protagonismo ainda pode ser aplicada nos dias atuais?
Giannetti da Fonseca – O Brasil tem tentado inserir a questão cambial, a disciplina cambial dentro das regras de comércio exterior. Pois não adianta negociar tarifas se a taxa de câmbio é livre e sem nenhuma limitação do ponto de vista da desvalorização competitiva que alguns países praticam. Então se não se colocar uma disciplina nas políticas de câmbio, alguns países podem manipular a taxa cambial a favor de sua economia. Eliminando desta forma os eventuais benefícios ou vantagens tarifárias que um país poderia ter.
AI – O Governo quer suspender o pagamento do Reintegra – que devolve para as empresas exportadoras 3% do faturamento sobre as vendas externas – no próximo ano para evitar que as contas públicas se deteriorem. Esse passo pode fazer com que os exportadores se sintam “desvalorizados” pelo Governo. Qual é sua opinião?
Giannetti da Fonseca – Voltamos para a questão de prioridades do governo. É exatamente isso. Na hora que se vê discussão de orçamento do governo, vemos uma discussão de prioridades. O que é importante para o Brasil em termos de alocação de seus recursos. É claro que há setores extremamente importantes, que não devem ser ignorados, como saúde, educação, segurança, transporte urbano, saneamento, etc. São muitas as prioridades do País, mas o comércio exterior não deve ser menosprezado. Comércio exterior é uma prioridade de primeira linha, como as outras. Um país que não possui uma atividade de comércio exterior competitiva, que dê equilíbrio em suas contas externa e que gere emprego e renda para a população não pode ser considerado um país que vai ter sucesso no futuro. Ele pode estar se isolando, reduzindo a sua capacidade, seu potencial de crescimento em detrimento inclusive de própria arrecadação da população brasileira. Não adianta investimentos só do ponto de vista social, que também são importantes, se depois o país não oferece oportunidades de empregos para as pessoas, para sustento próprio. Portanto, eu acho que a não renovação do Reintegra, por exemplo, é um sinal de desvalorização do comércio exterior brasileiro e é entendido desta forma para os exportadores. Dá a impressão de que exportar não é importante para o governo brasileiro.
AI – Qual sua avaliação geral da atuação do Ministério de Comércio Exterior brasileiro na gestão atual?
Giannetti da Fonseca – Olha, ele tem sido atuante, sério. Há uma boa vontade do Ministério de Comércio Exterior em fazer uma boa gestão. Não posso negar que existem bons talentos na equipe. O problema não está na equipe, mas sim no Ministério da Fazenda, que não dá prioridade ao comércio exterior, especialmente pela Receita Federal, por exemplo, que nas questões de desoneração tributária têm sido sempre muito reticente, muito negativa em termos de prestigiar e estimular o exportador e as exportações brasileiras. Desta forma, o Ministério esquece que quem paga a conta externa do País, em termos de importação, juros, enfim, todas as contas de capital que devemos pagar em moeda forte, quem paga isso é o comércio exterior brasileiro.
AI – Além do programa Reintegra e desonerações, outras ações podem favorecer o comércio exterior brasileiro?
Giannetti da Fonseca – Claro. Existem várias outras ações específicas, setoriais. Na área de logística, a melhoria do transporte ferroviário e a reestruturação dos portos são fundamentais. A própria política de câmbio, mais coerente com a economia real e não tanto ligada com a especulação de arbitragem de juros e taxa de câmbio, que é predominante nos dias atuais, podem ajudar a cadeia exportadora. O Banco Central parece alheio a esta questão.
AI – Qual avaliação que o senhor faz da política cambial do Brasil?
Giannetti da Fonseca – Nossa taxa cambial tem sido sobrevalorizada há muitos anos. Não é uma coisa recente. O que tem sido uma agonia prolongada da indústria brasileira, perdendo a competitividade tanto lá fora tanto quanto nas importações do mercado interno. Então é uma situação desanimadora. O setor de comércio exterior está bastante desanimado com a falta de entendimento das autoridades brasileiras sobre a importância de nosso segmento dentro da economia nacional.
AI – Ainda em relação à política cambial, o Brasil tem agido de forma correta frente às sucessivas alta do dólar verificadas em 2013?
Giannetti da Fonseca – Não, porque o Banco Central sempre intervém para segurar a alta da moeda norte-americana, que tem ocorrido não somente em relação ao real, mas em relação a outras várias moedas importantes mundiais como o yen (Japão), o Rand (África do Sul), o peso mexicano, e tantas outras nações. No Brasil, essa interferência é feita para o controle da inflação. O governo usa a taxa de câmbio como um instrumento de combate à inflação. Não que o controle da inflação não seja importante, mas esse não é um instrumento adequado. Usar o câmbio é muito cômodo para o Banco Central, mas tem uma conseqüência muito negativa: O prejuízo da indústria brasileira e a desindustrialização que tem vem ocorrendo nos últimos anos, com perdas de emprego, de capacidade de investimento, de inovação tecnológica; tornando nossa indústria pouco competitiva defasada e pouco dinâmica. É uma tristeza. Quem assiste a esse processo lento de destruição da indústria brasileira lamenta muito.
AI – Após anos de superávit comercial, o Brasil – até outubro – registra déficit em sua balança comercial. A que o senhor atribui este desempenho aquém do esperado?
Giannetti da Fonseca – A todos estes fatores que relacionei. A perda de competitividade de indústria, nós temos sido salvos pelas commodities. Mais importante do que o saldo da balança comercial como um todo, é o saldo da balança dos manufaturados, que era mais ou menos equilibrado até 2006 e hoje observamos o surpreendente número de 100 bilhões de dólares de déficit. E 100 bilhões de dólares de déficit no Brasil é um escândalo para a economia brasileira e parece que passa despercebido, como se as pessoas achassem normal que um país em oito anos perdesse esse valor em sua balança de manufaturados. A indústria brasileira está agonizando dia-a-dia.
AI – Até que ponto o Mercado Comum do Sul (Mercosul) passa de “solução” para “um problema” nas relações comerciais brasileiras?
Giannetti da Fonseca – O Mercosul valeu para meados dos anos 90 e início dos anos 2000. Mas hoje, diante de tantas crises, como a da Argentina e da baixa relevância das outras economias, como Uruguai e Paraguai, estes são países que devemos ter bom relacionamento e respeito, mas são economias pequenas. Há uma assimetria econômica muito grande no Mercosul e por isso o Brasil não tem mais muito a ganhar com esse acordo. Eu acho que agora temos que olhar para o resto do mundo, tardiamente, para tentar fazer acordos importantes com a União Européia, com o Japão, e outros países na América Latina. É isso que cabe ao Brasil realizar, e rápido.
AI – Em sua opinião, o Brasil deve trilhar o caminho dos acordos bilaterais? Como fazer isso sem comprometer a aliança feita com os países do Mercosul?
Giannetti da Fonseca – Na falta de acordos multilaterais nós não temos muita opção além dos acordos bilaterais. No entanto, para não comprometer o Mercosul, algumas mudanças devem ser feitas. Que seja possível nesta união aduaneira [área de livre comércio com uma tarifa externa comum, ademais de outras medidas que conformem uma política comercial externa comum] manter o livre comércio, mas que cada país tenha sua política tarifária livre podendo, portanto, fazer acordos com outros países.
AI – O senhor acredita numa separação do Mercosul?
Giannetti da Fonseca – Veja, não acredito numa separação. Continua havendo o Mercosul, mas dentro de outra arquitetura. Deixa de ser uma união aduaneira e passa ser apenas um acordo de livre comércio, como é a Nafta [Tratado Norte-Americano de Livre Comércio], por exemplo. Onde Estados Unidos, México e Canadá têm tarifa zero entre si, mas cada um pratica a tarifa que quiser com o resto do mundo.
AI – Quais os países mais propensos em fazer acordos bilaterais com o Brasil?
Giannetti da Fonseca – Eu acho que os mais importantes países, ou blocos, para o Brasil fechar acordos são a União Européia e o Japão.
AI – O Canadá também se mostrou mais favorável em fechar acordos bilaterais com o Brasil ao invés de envolver todo o Mercosul…
Giannetti da Fonseca – O Canadá também é importante, mas ele está muito atrelado à Nafta, aos Estados Unidos. Então eu deixaria este país para um segundo momento. Temos que focar na União Européia e Japão, que são economias extremamente importantes e tem uma propensão de integrar com o Brasil de forma mais rápida e benéfica.
AI – A China também tem se mostrado uma grande parceira comercial brasileira. Na imprensa tem se noticiado o aumento da exportação de insumos para os chineses além das missões realizadas com cada vez mais frequência. Como o senhor avalia esta parceria?
Giannetti da Fonseca – Eu acho que a China é uma parceira que tem uma estrutura de comércio desinteressante. Tudo bem, eles vão continuar comprando minério de ferro, soja, em volumes cada vez mais gigantescos, mas não compram nossos manufaturados e nem nós temos condições de competir na China.
AI – A relação comercial Brasil-China está equilibrada, em sua opinião? O governo tem atuado de forma eficaz?
Giannetti da Fonseca – Está equilibrada, mas com nós importando manufaturados e eles comprando commodities. A compra de commodities eles vão continuar fazendo porque precisam do Brasil, não porque gostam da gente. Então, o esforço de vender é relativo. A política comercial do governo é relativa. Não há quem substitua o fornecimento brasileiro. A China hoje é totalmente dependente das commodities brasileiras. Na minha opinião o governo poderia agir melhor nesta relação, mas a China não é um parceiro fácil. Nós temos que admitir que ela é como é e deve continuar sendo assim por um bom tempo.
AI – As recentes reformas econômicas anunciadas na China, que quer realizar mudanças no sistema fiscal e de distribuição de renda, devem respingar no Brasil de que forma?
Giannetti da Fonseca – Claro. Qualquer mudança na China tem respingos no mundo inteiro. A China é a segunda maior economia do mundo. Precisamos observar o que vai acontecer. Em um primeiro momento parece ser uma mudança bem vinda, espero que traga possibilidades de abertura de importação para manufaturados brasileiros, o que hoje acontece em escala ínfima.
AI – Quais são os produtos manufaturados com maior potencial de exportação?
Giannetti da Fonseca – Olha, o Brasil tem uma diversidade de exportação bastante grande. Mas em geral, eu acho que todos os produtos da cadeia do agronegócio o Brasil tem competitividade natural. Por conta da escala de produção, disponibilidade de terra, clima, custo de produção e produtividade agrícola muito boas. Temos que agregar valor a estes produtos. Em vez de exportar carne “in natura”, por exemplo, importar cortes já embalados. Exportar alimentos já processados, embalados, com marca e boa qualidade. Há uma necessidade de o Brasil focar na agregação de valor. Eu acho que isso pode trazer centenas de bilhões de dólares a mais para a economia brasileira em um prazo relativamente curto. Além disso, precisamos de melhores condições na política industrial, política tarifária, com foco inclusive no Reintegra, estimulando os produtos de valor agregado em relação aos produtos primários. Desta forma nós vamos agregar mais valor à produção brasileira, gerar estímulos ao emprego e à indústria.
AI – O agronegócio é um setor essencial para a economia brasileira e é apontado como o grande responsável pelos superávits brasileiros nos últimos anos. No entanto, ano após anos, a cadeia ainda sofre com questões relacionadas ao custo Brasil – logística, infraestrutura precária, etc. O governo tem atuado de forma correta perante a estes entraves?
Giannetti da Fonseca – A solução para estes entraves é o investimento. Investimento que deve vir do setor privado. O Governo precisa ser equilibrado e ter bom senso na concessão dos serviços de logística, como concessões ferroviárias, dos portos, etc. É preciso serenidade e eficiência para que os investimentos ocorram. Atualmente este processo está muito lento e eu vejo muito intervencionismo do governo, tentando arbitrar as concessões de maneira excessiva, o que cria uma certa insegurança jurídica e receio dos grandes investidores em participar dos processos de licitação. Temos muitos agentes do mundo interessados em investir no Brasil, mas quando eles olham nas entrelinhas da legislação, das regras, eles ficam na dúvida. Eles enxergam risco institucional, risco de intervenções do governo, o que gera insegurança.
AI – Precisamos então oferecer mais segurança através dos contratos de licitação, certo? Como podemos fazer isso?
Giannetti da Fonseca – Certo. Precisamos melhorar a qualidade do ambiente regulatório, tendo leis e decretos mais práticos e mais flexíveis que até então ficam engessados em cima do concessionário, que fica sob vigilância permanente de maneira excessiva. Falta liberdade. Deve haver maior equilíbrio. O governo precisa ser mais pragmático. Se não oferecemos condições mais atrativas, os investidores não vêm.
AI – No agronegócio, em especial no setor de carnes, ano após anos são registrados embargos, em especial do mercado russo. Como o senhor avalia a relação Brasil-Rússia?
Giannetti da Fonseca – Esta também sempre foi uma relação muito difícil, muito delicada. A Rússia sempre traz mudanças de regras nas importações de forma aleatória e arbitrária. Então eu acho que nossa diplomacia deve ficar atenta. Manter sempre aberto um canal de diálogo com os russos, para que o Brasil mantenha-se priorizado no fornecimento de proteína animal. Nós somos o principal fornecedor da Rússia por muito tempo, carne bovina, suína e de frango. Enfim, temos que manter boas parcerias também com empresas russas que devem atuar em favor do produto brasileiro.
AI – O senhor citou a importância do Japão como parceiro comercial do Brasil. Em 2013 o Brasil conseguiu abrir o mercado japonês para a carne suína nacional. Como o senhor enxerga esta parceria em longo prazo?
Gianetti da Fonseca – Eu vejo com muito otimismo, porque o Japão tem sido há muito tempo e continuará sendo um dos melhores parceiro do Brasil. É um parceiro confiável, um país que tem sempre uma postura positiva e construtiva em relação ao Brasil, participa de grandes empreendimentos no país, sendo na área de logística e agora na área do agronegócio. Hoje tradings japonesas estão investindo pesado no setor agrícola brasileiro, e eu acho que isso vai continuar acontecendo, afinal o Japão é um país totalmente dependente da importação da proteína animal e vegetal. Então eu acho que o Japão vai ver cada vez mais o Brasil como um grande produtor e fornecedor de alimentos de boa qualidade e grande quantidade.
AI – Apesar da qualidade reconhecida dos produtos brasileiros, a nível mundial, ainda sofremos embargos. No caso das carnes, por exemplo, tivemos embargos da Rússia e da Ucrânia. Como podemos evitar estas restrições?
Giannetti da Fonseca – Precisamos melhorar nossa vigilância sanitária. Este quesito deve ser, sempre, muito bem preservado e trabalhado no Brasil, sem economia de recursos. Às vezes o Governo tem negligenciado a vigilância sanitária, por deficiência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que não oferece a estrutura ou o apoio que nossa vigilância sanitária deveria ter. Um país que tem a maior produção de carne de frango do mundo e é um grande produtor de suíno deve ter uma vigilância sanitária nota dez. Com melhores técnicos, bem remunerados, preparados, etc. E não é o que a gente observa.
AI – Quais são os caminhos que os governantes devem trilhar em 2014, na sua opinião?
Giannetti da Fonseca – Competitividade e eficiência da economia brasileira. Redução do tamanho do Estado, reforma tributária e crescimento através do investimento, e não do consumo.
AI – O que os exportadores brasileiros podem requerer do governo um 2014 mais “tranquilo”?
Giannetti da Fonseca – Melhores condições competitivas, com taxa de câmbio equilibrada, dentro do limite da economia brasileira – que hoje seria, ao meu ver, por volta dos R$ 2,70 -, desoneração tributária das cadeias produtivas exportadoras através do Reintegra, mais investimentos em logística e financiamento a exportação, enfim, capital de giro competitivo para que as empresas brasileiras possam competir de forma igual com seus concorrentes internacionais.
AI – 2014 será marcado pela Copa do Mundo e pelas eleições. Os olhos estarão voltados para o país. Vê este momento como positivo? Por quê?
Giannetti da Fonseca – Olha, são momentos positivos. A Copa do Mundo vai atrair a atenção global para o Brasil. Isso é bom para nossos produtos, para nossas marcas. Isso é atração de investimentos. A Copa coloca o Brasil no olho da atenção mundial. E as nossas eleições é a consolidação de nossa democracia. Mais uma vez vamos ter a escolha de presidente, governadores, etc. E espero que a escolha seja feita com maturidade para que possamos ter um país mais eficiente, mais responsável e mais promissor. É péssimo para o país perder seu entusiasmo, sua autoconfiança, como acontece com alguns de nossos vizinhos, restando pouca esperança para o futuro. Embora seja muito cedo para debatermos planos de governo nas eleições, eu acho que todos os candidatos devem levar em consideração o comércio exterior e os fatos que enumerei nesta entrevista. Acredito que não falo por mim, mas também por grandes empresários, economistas e professores que têm a mesma do Brasil: Um país com potencial enorme, mas está frustrado por não desfrutar desse potencial por erro de política macroeconômica.
AI – O agronegócio segue como o segmento da economia com mais potencial?
Giannetti da Fonseca – Eu não tenho dúvidas de que o agronegócio é uma das maiores virtudes da economia brasileira, ele tem uma competitividade intrínseca. Mesmo com alguns percalços da economia brasileira, o agronegócio continua sendo a estrela.
A entrevista faz parte do Anuário 2014 de Avicultura Industrial. Confira o conteúdo completo da revista em:
https://www.aviculturaindustrial.com.br/edicao/1228/20131217-105915-J943