Em junho de 2012 a suinocultura brasileira protestou pelas ruas de Brasília pedindo medidas de socorro ao governo federal, em razão dos baixos preços do suíno vivo e das altas exorbitantes do milho e do farelo de soja, que levaram o produtor de suínos a perdas superiores a R$ 100,00 por cada animal vendido. A crise de então foi tão grave que reduziu o plantel e a oferta de animais ao ponto de, no segundo semestre de 2014, os preços do animal vivo terem alcançado o seu maior valor histórico. O setor se recuperou, investimentos foram feitos em novas granjas e na ampliação de muitas outras, a oferta de animais para o abate voltou a ser recorde e a crise voltou a se abater sobre a suinocultura. À primeira análise parece que a história apenas se repete, num ciclo vicioso, mas não é bem assim.
Em cada ciclo de baixa e alta, de adversidade e prosperidade, a cadeia produtiva se renova, se fortalece e se prepara para um novo encontro com a crise. Em 2012, o preço do quilo do suíno vivo bateu a mínima de R$ 1,90 no mercado integrado e R$ 2,20 no mercado independente, causando grande descapitalização aos produtores. Agora o preço do animal se encontra em outro patamar, entre R$ 2,80 a R$ 3,50, e o grande vilão do momento é o preço do milho, que entre junho de 2015 e março de 2016 praticamente dobrou de preço. Na atual conjuntura, também é fator relevante e afeta não só a suinocultura, a maior crise econômica já vivida pelo Brasil. Às vésperas da votação do impeachment contra a presidente Dilma Roussef, o país se encontra divido e mergulhado no pior desempenho do Produto Inetrno Bruto (PIB) dos últimos 25 anos.
No entanto, notamos claramemnte neste momento que a crise atual não afeta de maneira igual toda a suinocultura brasileira, e muitos produtores estão obtendo renda com a atividade. Em sua maioria são suinocultores que calejados por crises anteriores se prepararam para enfrentar um próximo ciclo de baixa dos preços, de alta dos insumos ou as duas coisas simultâneas, o que não é incomum de acontecer. As granjas mais bem posicionadas neste momento são aquelas que investiram fortemente em tecnologia, gestão, manejo, mão de obra e além disso diversificaram suas atividades. Com isso, conseguiram aumentar a produtividade, reduzir custos, ganhar eficiência e agregar novos ganhos à suinocultura.
Um bom exemplo das mudanças que fizeram os que hoje lideram a produção de suínos com eficiência foi a integração da suinocultura com outras atividades agrícolas e/ou pecuárias. Não são poucas as granjas que aproveitam todo o poetncial econômico dos resíduos da produção de suínos, com produção de grãos, pastos, florestas, frutas, café, etc., sem a utilização de fertilizantes químicos, utilizando apenas o biofertilizante. Muitas foram além, e estão gerando sua própria energia elétrica, que abastace não apenas a granja, mas sistemas de irrigação para distribuição do biofertilizante nas lavouras. Outros utilizam o biogás na secagem de grãos e café, ou queimam em caldeiras que fornecem vapor para indústrias instaladas na propriedade.
Mais além ainda foram outros que já pensam até mesmo no aproveitamento dos animais que morrem durante o ciclo de produção, transformando-os em farinha de carne e fertilizantes. Enfim, a suinocultura mudou. Não é mais possível desperdiçar ativos tão importantes como o biofertilizante e o biogás, que podem compor outras atividades de negócios da propriedade que farão a diferença num momento de crise. Os produtores que enxergaram este horizonte atravessam de forma diferente os ciclos de baixa que de tempos em tempos atingem a atividade. Claro que muitas vezes também são afetados pela crise, mas são sempre os últimos a entrerem nela e os primeiros a saírem. Por isso continuarão a produzir.
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