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Exportação

Abef apoia exportação de ovos

<p>Depois de apostar forte no sucesso do frango no mercado externo, a hora agora é de concentrar esforços nos ovos. Produção brasileira está em alta, segundo o IBGE.</p>

Depois de apostar forte no sucesso do frango no mercado externo, a hora agora é de concentrar esforços nos ovos. O Brasil já está elencado entre um dos maiores produtores do alimento e de seus subprodutos no mundo. Dados da pesquisa Trimestral do Abate de Animais do IBGE revelaram que no terceiro trimestre de 2009 foram produzidos no Brasil mais de 637 milhões de dúzias de ovos, volume 10,5% superior ao registrado no mesmo trimestre do ano passado. A expansão também foi significativa em relação ao trimestre anterior: acréscimo de 9,7%. O volume acumulado nos nove primeiros meses do ano ficou próximo do 1,8 bilhão de dúzias, aumentando 5,4% em relação ao mesmo período de 2008.

Ainda de acordo com o IBGE, no ano passado a produção brasileira de ovos aumentou 5,3%, o que significou volume de 2,28 bilhões de dúzias ou 27,3 bilhões de unidades. Mas esse número não corresponde à produção total do País, já que as informações levantadas são de estabelecimentos com plantel de, no mínimo, 10 mil galinhas poedeiras. Assim, a produção efetiva brasileira é maior que a apontada. Hoje, 40% da produção nacional são exportados, o que rende ao País em torno de US$ 60 milhões em ovos.

No entanto, se por um lado sobra produto, pelo outro falta infraestrutura e uma organização mais efetiva da cadeia produtiva para conquistar maior espaço no mercado externo. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Francisco Turra, diz que no Brasil apenas nove granjas estão habilitadas para a exportação de ovos e que mesmo assim de forma muito restrita. “Queremos conquistar a União Europeia e para isso temos importantes passos a dar”, diz o dirigente.

O primeiro deles, segundo Turra, será conquistado a partir de 2010, quando a Abef entrará como parceira do setor produtivo de ovos no sentido de galgar novos mercados. A exemplo do trabalho que vem sendo feito junto ao mercado do frango, que hoje ocupa uma posição privilegiada na pauta de exportações do País, a adesão da Abef é considerada como uma injeção de know-how no setor. “Será uma participação decisiva, pois a associação conhece os atalhos e as regras para exportação”, aposta o secretário-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo dos Santos.

Conforme dados da Asgav, o Rio Grande do Sul deve fechar 2009 com uma produção de 6,5 milhões de caixas de ovos de 30 dúzias, número semelhante ao de 2008, que estacionou em função da crise e da redução na produção e de preços. O Estado conta hoje com 35 granjas de médio e pequeno porte, das quais 20 teriam condições de buscar novos clientes no mercado externo.

Outra expectativa do setor produtivo de ovos se refere a uma efetiva aplicação do Programa Nacional de Resíduos e Contaminantes (PNCR), considerado como principal passaporte para a entrada do alimento no mercado europeu. “Esperamos que, com a entrada da Abef, o processo de criação do programa se acelere”, diz Santos. Através dele, passam a ser identificados todos os tipos de resíduos que podem estar presentes nos ovos, oriundos da alimentação dos animais, da água ingerida e de suplementos vitamínicos.

Para sair do papel, o programa depende da liberação de recursos para que as análises dos produtos, que hoje são feitas em laboratórios privados, possam ser subsidiadas. Outro desafio, segundo Santos, é aumentar o consumo no Brasil, que ainda é baixo: 150 ovos por habitante ao ano. Nos Estados Unidos, esse volume sobe para 320 ovos.
Naturovos é a única gaúcha com passaporte carimbado

Aqui no Estado, a Naturovos desponta como a única empresa gaúcha exportadora de ovos, produto que hoje é enviado especialmente para os países do Oriente Médio e da África. O diretor-administrativo da empresa, João Carlos Muller, conta que o início dos negócios para o exterior foi há seis anos. “Hoje, 70% do que comercializamos para o exterior é in natura e o restante é industrializado, em forma de ovo líquido e em pó.” Localizada em Salvador do Sul, a empresa conta com três granjas – além da sede, há outras em Vacaria e Farroupilha. A produção chega a 2 milhões de ovos por dia.

O executivo aponta a importância da parceria com a Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (Abef), no sentido de reduzir as dificuldades que o setor encontra para acessar grandes mercados. “Precisamos de uma entidade que cuide dessa área e possa ajudar a abrir mercado.”

Muller diz que a crise internacional afetou o comércio. No caso do Kuwait, houve redução de crédito e menos demanda. “Sentimos o impacto da restrição financeira.” O mesmo ocorre com os Emirados Árabes – especificamente Dubai, região que depende de turismo e foco de crise com fundos de investimentos. O preço do ovo in natura caiu 30%. O volume aumentou 15%, uma forma de compensar a redução de preços e valorização do real frente ao dólar.

A alternativa, segundo ele, tem sido buscar novos mercados como a África e a ampliação de venda de ovo industrializado. Sobre o Programa Nacional de Resíduos e Contaminantes (PNCR), o diretor diz que com as regras vigentes se abriria chance de buscar acordo para exportar para a União Europeia. O executivo protesta dizendo que até hoje nada foi feito para que o programa fosse efetivamente colocado em prática e ressalta que outros países já estão aproveitando as vantagens que oferece. “Os argentinos já se adaptaram e têm acordo para vender para os europeus. É vantagem dos vizinhos. O mercado europeu é a chance de exportar produto com maior valor, já que o continente importa ovo industrializado”.