Redação AI (05/04/06)- Após meses de ajustes provocados pela queda nas exportações de frango, devido ao temor de gripe aviária, a indústria avícola brasileira deve se regularizar a partir do segundo semestre, previu nesta terça-feira Ricardo Gonçalves, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef). “É uma situação transitória”, disse ele, referindo-se à diminuição do nível de produção, de cerca de 25 por cento, e à decisão de algumas empresas de dar férias coletivas aos seus funcionários.
Segundo dados da Abef, os embarques em fevereiro somaram 198.887 toneladas, com uma queda de 8 por cento em relação a igual mês de 2005, e de 7 por cento em comparação a janeiro de 2006. O número de março indica uma leve recuperação. “Cifras (das exportações) de março mostram que estamos para cima em relação a fevereiro, mas em queda em relação ao mesmo período do ano passado”, afirmou Ariel Mendes, vice-presidente técnico-científico da União Brasileira de Avicultura (UBA).
“Os volumes começam a estar menos negativos com relação ao ano passado”, declarou Gonçalves, numa entrevista coletiva. Ele destacou que essa recuperação nos próximos meses irá depender do equilíbrio dos estoques acumulados durante a baixa nas exportações, e do avanço da gripe aviária no mundo. Para março, ele projeta as exportações em cerca de 220 mil toneladas. Gonçalves disse ainda que os preços se mantêm abaixo dos registrados em fevereiro, devido em parte ao câmbio desfavorável, o que prejudica ainda mais o setor.
A recente redução no preço do frango – o produto chegou a ser vendido a 99 centavos de real o quilo em algumas regiões – contribuiu para o aumento do consumo doméstico. Segungo o presidente da Abef, o consumo no ano passado era de 34 quilos per capita, e em 2006 subiu para 40 quilos.
Plano de combate:
Na sexta-feira (07), em meio à crise enfrentada pelo setor, o governo irá anunciar um plano de prevenção à gripe aviária. Também serão divulgados um plano de contingência e a criação de um comitê técnico e de um comitê de crise, explicou Mendes, da UBA. Segundo ele, o plano prevê trânsito livre de animais vivos entre os Estados, mas desde que possuam certificação de abate. Já nos Estados da região Sul, área de maior produção nacional, o trânsito interestadual não deverá ser permitido, explicou.
Ele acrescentou ainda que na semana que vem, independente do plano federal, Santa Catarina, maior Estado exportador de carne de frango do Brasil, irá começar a controlar todo o fluxo de animais na fronteira. O Brasil é o maior exportador mundial de frango, e no ano passado as vendas externas somaram aproximadamente 2,8 milhões de toneladas, de acordo com dados da Abef e da UBA.