No final de novembro de 2011 foi embarcado o primeiro carregamento de carne suína do Brasil diretamente para a China. Esse fato coroou esforços de muitos anos para que se abrisse o maior mercado consumidor do mundo (quase 50% de toda a carne suína produzida no planeta) para o produto brasileiro.
Trata-se de um marco histórico que tem potencial para mudar o mercado e a atividade suinícola no país.
Seguramente os embarques iniciais serão ainda em quantidades modestas, mas o potencial de crescimento das exportações para o mercado chinês é extraordinário.
A China, maior produtora e maior consumidora mundial, mantém estreito equilíbrio entre oferta e demanda.
Qualquer desequilíbrio na oferta decorrente de imprevistos na produção ou -o que é muito provável num país que, mesmo na visão mais pessimista, crescerá cerca de 7% em 2012- no consumo pode levar o país a ter de importar quantidades muito elevadas, a ponto de, como aconteceu no mercado da soja, alterar seu equilíbrio.
As autoridades chinesas anunciaram recentemente planos ambiciosos de médio e longo prazos para ampliar fortemente a produção local de carne suína, de frango e de leite, principalmente.
Entretanto, tal empreitada esbarra no impacto que a produção desses produtos gerará no consumo de rações compostas por soja e milho.
A China é a maior importadora mundial de soja (cerca de 58 milhões de toneladas) e estima-se que já em 2015 possa vir a ser a segunda maior importadora mundial de milho (cerca de 15 milhões de toneladas).
Nesse contexto, é muito provável que o mais indicado, do ponto de vista de segurança alimentar e econômico, seja manter abertos canais de importação.
Isso serve como estratégia de diversificação de fornecedores e manutenção de margem de manobra para negociação de importações mais vantajosas economicamente.
Aliás, isso já parece ser uma preocupação das autoridades chinesas quando abrem seu mercado para importações de carne suína brasileira, como já havia acontecido antes com a carne de frango e não se descarta venha a acontecer com a carne bovina e até com os lácteos.
Para o Brasil, o estabelecimento de um fluxo de exportações de carne suína direto para um mercado como o chinês (indiretamente através de Hong Kong o Brasil já exporta volume razoável) tem o potencial de representar a sonhada diversificação de destinos e principalmente a redução da dependência de um mercado que tem se mostrado tão instável como o russo.
Se for possível associar à demanda interna, ainda relativamente pequena (cerca de 15 quilos por habitante/ano), um fluxo de exportações razoavelmente estável, poderemos ter, em futuro próximo, uma demanda agregada que atinja uma escala que garanta a estabilidade de mercado.
Isso é imprescindível para viabilizar investimentos de longo prazo e crescimento sustentado da atividade.