O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou ontem, 29, a reabertura do mercado da África do Sul para a carne suína brasileira, derrubando a última barreira contra as importações do Brasil levantada a partir do surto de febre aftosa que atingiu Paraná e Mato Grosso do Sul, em 2005. A medida foi considerada um “marco” pelo Ministro Wagner Rossi e comemorada como “vitória” pelo setor.
Depois na notícia que abalou a atividade suinícola quanto às exportações russas, a suinocultura vê uma ponta de esperança nessa fatia de mercado, já que internamente os valores de comercialização não têm atendido as necessidades do setor. Segundo a Abipecs, é essencial a conclusão de todos os trâmites burocráticos necessários para a retomada imediata dos embarques de carne suína para a África do Sul. “A crise que o setor enfrenta exige isto”, afirma o presidente, Pedro de Camargo Neto.
Já sobre o embargo da Rússia, o governo decidiu reduzir, de 210 para 140, as unidades frigoríficas habilitadas a exportar os produtos ao parceiro comercial, decisão tomada por conta da pressão de industriais e produtores para tentar acelerar a derrubada da medida russa. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, anunciou ontem que uma missão brasileira desembarcará na segunda-feira, em Moscou, para dar “todas as explicações técnicas” ao czar da área sanitária russa, Sergei Dankvert. “Eliminamos plantas inadequadas, aquelas que estavam na lista, mas não exportavam havia mais de 18 meses, e exigimos total adequação às normas russas das demais unidades”, disse Rossi.
Já as notícias no mercado interno ainda preocupam os suinocultores das principais regiões produtoras do país. O alto custo de produção continua sendo o grande vilão desse período de dificuldades. A expectativa do setor é que a audiência pública realizada ontem na Câmara dos Deputados traga resultados efetivos, já que a Conab junto ao governo propuseram de forma imediata liberar mais milho para venda balcão, uma medida paliativa para o problema atual. A expectativa é que o mercado aqueça na próxima semana, período de início de mês em que a população está com poder de compra maior.
No estado de São Paulo, a bolsa de suínos definiu a manutenção dos preços, sem alteração do valor comercializado na semana passada, que foi de R$ 2,13 a 2,18 pelo quilo do suíno vivo, conforme informou a Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS). Os mineiros também permaneceram na mesma situação, preferindo manter os preços de venda, sem grandes alterações, que segundo a Associação de Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg) ficou em torno de R$ 2,30.
Depoimentos:
“Esta não é apenas uma crise de mercado da carne, mas sim de vários fatores como: dólar baixo frente ao real, inviabilizando a exportação, excedente de carne de frango no mercado, deixando a carne suína em forte desvantagem em relação ao comparativo de preços”.
Losivanio de Lorenzi, presidente da ACCS.
“O custo de produção de 1 kg de suíno está em R$ 2,15 e o preço de venda está R$ 1,50, uma diferença negativa de 76 centavos, por isso precisamos da isenção para tentar equalizar as cifras. O preço do milho e do farelo está elevado, encarecendo ainda mais o custo para produzir a carne”.
Custódio Rodrigues de Castro Jr, Secretário-executivo da Acrismat.
“Só os produtores estão pagando a conta dessa crise. Se o suinocultor está quebrando, os frigoríficos também não atingem suas margens de sustentabilidade e o preço na baixa na gôndola, alguém está lucrando com essa situação. Precisamos de uma reação do mercado urgente”
Valdomiro Ferreira, presidente da APCS