Em meio às comemorações de 70 anos da Sadia, o presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, criticou a medida provisória 627, convertida na lei 12.973, e disse que o governo tem que parar de atrapalhar as empresas. “Só esperamos que o governo não atrapalhe. O que precisamos é de regras claras e sem mudanças no meio do jogo”, disse.
A MP altera a maneira como as companhias com produção no exterior são tributadas. Segundo o texto, toda empresa brasileira que produza fora do país precisa aferir o lucro por meio de uma subsidiária nacional, e ser tributada internamente. Isso significa que o lucro externo será tributado pelas regras brasileiras, cujo Imposto de Renda pode chegar a 34% do lucro bruto.
“Essa MP está ameaçando os investimentos que fizemos no Oriente Médio”, afirmou Luiz Fernando Furlan, membro do conselho da BRF. A Sadia terminou recentemente a construção de uma nova fábrica nos Emirados Árabes, que consumiu investimentos de US$ 150 milhões. “Sabemos que essa questão não está encerrada. O governo ainda está vendo se isso continuará dessa forma”, disse.
Abilio Diniz ainda se irritou ao saber que o governo pode ajudar a JBS a comprar a empresa americana Hillshire Brands. A JBS tenta adquirir a empresa de alimentos por meio da Pilgrim’s Pride, sua subsidiária.
Mais cedo, o novo ministro da Agricultura, Neri Geller, também presente no evento, disse à reportagem que o governo brasileiro irá apoiar e ajudar as empresas brasileiras a se internacionalizarem.
“O ministério irá apoiar qualquer agregação de valor às exportações. No que depender do ministério, vamos ajudar”, disse. De acordo com Diniz, a BRF não irá buscar apoio governamental nas empreitadas fora do país. “A BRF é muito forte, muito estruturada, e com pouca participação do governo. Sou contra qualquer ajuda do governo”, afirmou.