A Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) realiza na próxima quarta-feira, dia 27, na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), em Florianópolis, uma reunião para propor o trabalho unificado de custos de produção na suinocultura entre os três estados do Sul. A reunião vai começar às 8h.
O encontro foi definido no dia 8 de janeiro, quando a ACCS promoveu uma reunião em Treze Tílias com os presidentes das três entidades do Sul afiliadas à Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS). Na época, o evento contou também com a presença do diretor executivo da ABCS, Nilo de Sá.
De acordo com o presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi, as entidades e federações da região Sul precisam se fortalecer, pois as agroindústrias são praticamente as mesmas nos três estados e que 85% do processo produtivo funciona de forma integrada nas unidades federativas.
Durante o encontro, os representantes catarinenses apresentarão uma planilha de custos de produção desenvolvida pela Embrapa Suínos e Aves. “Essa ferramenta será importante para a gente unificar os custos de produção não em valores, mas em metodologia. Alguns percentuais de gastos mudam de acordo com a logística”, relata Losivanio.
A ACCS trabalha para que cada entidade possa dispor de um técnico que faça o levantamento de custos de produção em todas as regiões dos estados. Com a medida, será possível articular com as agroindústrias uma renda mínima aos produtores.
Losivanio garante que o trabalho deve ser forte em 2016 para colocar em prática as Comissões para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs). “A mão de obra precisa ser valorizada e esses custos farão a diferença para que se tenha uma renda mínima ao produtor e garantia de rentabilidade, independente das intempéries de mercado”.
O presidente da ACCS avalia que o preço da carne suína sempre é imposto pelo mercado e que essa realidade precisa mudar, uma vez que é necessário garantir uma margem de lucro aos suinocultores. “Essa será uma reunião muito importante para que possamos oferecer um diferencial ao nosso produtor”.
Medidas emergenciais
Conforme o presidente da Faesc, José Zeferino Pedroso, é imprescindível discutir a atual conjuntura da suinocultura do Sul, que é a referência do País. “Estamos preocupados com o aumento exorbitante do custo de produção. Sentimos que, se nada for feito, a atividade suinícola será inviabilizada”.
União de lideranças
Além da presença do presidente da ACCS e de representantes da Faesc, a reunião contará com a participação do presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, do presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Jacir Dariva, e de representantes da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
Cenário negativo para a suinocultura
A atual conjuntura desfavorece o suinocultor catarinense uma vez que, em três meses, a saca do milho saltou de R$ 27 para R$ 42 – um aumento de quase 50%. Um dos fatores que contribui para a alta é a taxa cambial, que impulsiona a exportação de 30 milhões de toneladas de milho do consumo interno para o mercado internacional. Hoje o País é o segundo maior exportador do cereal no mundo.
A situação afeta todo o País, porém é mais grave em Santa Catarina que não possui autossuficiência na produção de milho e é o maior comprador do produto dentro do Brasil. O Estado produz anualmente cerca de 12 milhões de suínos por ano, gera bilhões de reais em movimento econômico e milhares de empregos diretos e indiretos.
A queda da produção de milho em SC
No cenário de alta produção de suínos, onde o milho desempenha importante função para produzir a proteína animal de alta qualidade, a produção do grão está em queda. Em 2005, 106 mil produtores rurais catarinenses cultivavam 800 mil hectares com milho e colhiam entre 3,8 e 4 milhões de toneladas.
Foram cultivados no ano passado 340 mil hectares de lavouras para uma produção estimada em 2,5 milhões a 3 milhões de toneladas. Cerca de 40% desse volume não sai da propriedade e é transformada em silagem para nutrição do gado leiteiro.
Situação pode impactar o produtor de grão
O presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi, enfatiza que as lideranças que representam o agronegócio catarinense encontrarão alternativas para manter a atividade suinícola viável. Estuda-se a importação de milho da Argentina e do Paraguai, há pressão para que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) libere de mais milho subsidiado para Santa Catarina, além das cobranças feitas ao governo federal para que o Programa de Escoamento de Produto (PEP) diminua os custos no transporte aos produtores.
Losivanio analisa que o produtor de milho está segurando o produto para conseguir vender por um preço melhor no futuro. Contudo, o presidente da ACCS diz que eles precisam colocar o cereal neste momento no mercado. “Ou eles vendem agora ou quem está consumindo boa parte do produto não estará mais em atividade”.
Preço pago pelo quilo do suíno
Além do alto custo do milho e do farelo de soja, o preço do quilo do suíno pago ao produtor rural está em queda e desde o início do mês a desvalorização do produto contabiliza R$ 0,20. No fim do ano passado as agroindústrias pagavam em média R$ 3,10 ao produtor e hoje o valor está na casa dos R$ 2,90. O presidente da ACCS diz que a situação é preocupante, uma vez que os suinocultores já trabalham com referência abaixo dos custos de produção – que atualmente está em R$ 3,70 por quilo.