O Brasil negocia um acordo sanitário com a Rússia para exportar soja ao país. As discussões estão sendo conduzidas pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, que esteve na Rússia.
Segundo o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, as autoridades sanitárias russas dificultam a entrada de soja em grão por causa da presença de duas pragas popularmente conhecidas como carrapicho e picão, típicas do continente americano. “Esse é um problema comum em lavouras de soja, seja no Brasil, Argentina ou Estados Unidos. Não existe solução para isso”, explica.
Mendes conta que, para contornar o problema, os russos estudam esmagar a soja nos portos, autorizando apenas o transporte de derivados pelo interior do país.
O mercado russo de soja é relativamente pequeno. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o país esmagou apenas 1,5 milhão de toneladas do grão na última safra e consumiu pouco mais de 1,6 milhão de toneladas de farelo, mas a expectativa é de crescimento.
A Rússia busca a autossuficiência em carnes e vai demandar mais matéria-prima para a produção de ração nos próximos anos. A produção doméstica de aves, por exemplo, dobrou nos últimos cinco anos e deve crescer cerca de 10% em 2010, segundo o USDA. “É difícil fazer projeções sobre volume, mas trata-se de um mercado interessante, com grande potencial”, acredita Mendes.
Para o diretor-geral da Anec, um eventual crescimento das importações russas de soja pode representar uma oportunidade para o Brasil reduzir sua dependência em relação à China.