Na reta final da colheita de soja e com as apostas na segunda safra de milho definidas, SLC Agrícola, Vanguarda Agro e BrasilAgro, as três companhias de produção agrícola do país listadas na BM&FBovespa, começam a deixar a temporada 2013/14 para trás e já se debruçam sobre o planejamento do próximo ciclo, o 2014/15. Ainda que não tenham definido qual será a participação de cada cultura em seus negócios, até porque os prognósticos de rentabilidade ainda são incertos, já se sabe que o tom será de continuidade de investimentos.
A SLC Agrícola, que atua em seis Estados, deverá aplicar ao menos R$ 20 milhões na construção de duas novas estruturas de estocagem e beneficiamento, em Mato Grosso e na Bahia. Em 2013/14, a empresa concluiu duas unidades semelhantes, ambas em Mato Grosso, o que fez sua capacidade de armazenagem superar 500 mil toneladas. “Nossa estratégia tem sido a de manter capacidade para estocar de 55% a 60% da produção”, afirmou Aurélio Pavinato, CEO da companhia. A safra atual ainda não está concluída, mas em 2012/13, a SLC ofertou 750 mil toneladas de grãos.
Conforme Pavinato, a expectativa é também superar os 344 mil hectares plantados em 2013/14. “Esse aumento poderá vir por quatro vias: arrendamento, expansão das parcerias que já temos, desenvolvimento do nosso banco de terras ou mesmo compra de novas áreas. Estamos definindo a melhor estratégia”, afirmou. Os trabalhos de campo começam em setembro.
A BrasilAgro também pretende ampliar a área semeada, segundo Julio Piza, CEO da companhia. “Novos hectares serão incorporados e alguns sairão do portfólio. Ou seja, o plantio deverá crescer, mas certamente em lugares diferentes, porque haverá venda de áreas”, disse Piza, reiterando o foco da empresa no desenvolvimento de terras.
A companhia obteve licenças ambientais para começar a trabalhar na próxima temporada em novas áreas das fazendas Chaparral e Jatobá, na Bahia, e Cremaq, no Piauí. “Nesses dois Estados, devemos ter em torno de 15 mil hectares adicionais para o plantio em 2014/15”, previu.
As atenções da BrasilAgro também ficarão mais divididas em função da compra de terras no Paraguai, concluída em dezembro de 2013. Ao todo, a empresa passou a administrar 141,92 mil hectares no país vizinho, pouco mais de 70 mil agricultáveis. Em 2013/14, foram semeados 11,3 mil hectares nessa área e, segundo Piza, já há licença para mais 4 mil hectares. A expectativa da BrasilAgro é investir entre R$ 35 milhões e R$ 40 milhões na melhoria do solo e na infraestrutura de apoio nas fazendas da companhia, montante semelhante ao da temporada anterior.
A Vanguarda Agro, por sua vez, já informou que fará aportes de cerca de R$ 40 milhões em novas máquinas e estruturas de armazenagem. Em teleconferência com analistas há pouco mais de uma semana, o CEO da empresa, Arlindo Moura disse, ainda, que outros R$ 20 milhões deverão ser gastos em correção de solo, o que tende a contribuir para o aumento de produtividade. “Parte disso já foi feito na safra 2013/14 e os trabalhos devem ser terminados até 2015/16”.
A perspectiva da Vanguarda é elevar o rendimento médio de sua lavouras de soja a 53 sacas por hectare, ante 50 na safra 2013/14, que foi prejudicada pelas chuvas. A companhia vendeu antecipadamente cerca de 6 mil toneladas do grão – um “hedge” para as compras de insumos -, à média de US$ 26,50 por saca, ou US$ 12 por bushel. Mas a sinalização do mercado para o segundo semestre ainda é de preços mais baixos, em função do esperado avanço da área plantada e da produção nos EUA.
Entretanto, a Vanguarda deverá diminuir a área total cultivada em 2014/15. Conforme Moura, estão “assegurados” 270 mil hectares, 4% menos que na temporada que está chegando ao fim 280,7 mil. “Estamos devolvendo mais áreas de contratos que terminaram. Mas, com certeza, teremos mais produtividade e um faturamento maior”, previu durante a teleconferência.
Em suas estimativas preliminares, a Vanguarda prevê que 60% da área deverá ser ocupada pela soja. Em relação às demais culturas, haverá um “ajuste fino” nos próximos 60 dias, em função das condições de preços. “Mas o algodão deverá ficar com 40 mil hectares, e o milho em situação parecida”, afirmou o executivo.
Ainda assim, a empresa segue interessada na expansão de sue portfólio de terras. A expectativa é alcançar 500 mil hectares em cinco anos, metade em terras próprias. Para isso, será preciso adquirir de 120 mil a 150 mil hectares. Conforme Moura, a ampliação poderá vir com um aumento de capital realizado pelos atuais acionistas, com a entrada de um acionista estratégico ou com a criação de uma empresa de terras, com o apoio de um investidor.
Contudo, os acionistas dão sinais de que estão à espera de resultados mais firmes na nova fase da companhia, iniciada há pouco mais de um ano, com a chegada de Moura. “Quando divulgarmos a previsão do trimestre encerrado em março, os números serão bons e espero que estejamos liberados para tratar desse assunto”, disse.