O agronegócio cresceu, em 2011, o dobro da economia brasileira, que avançou 2,7%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Preços altos e volumes recordes de produção levaram o Produto Interno Bruto (PIB) do setor a R$ 942 bilhões, alta de 5,7%.
Com isso, a participação do agronegócio na economia aumentou de 21,78%, em 2010, para 22,74% no ano passado. Os dados são de estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à USP, com apoio da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
O ano foi de continuidade na melhora da renda do setor, mas os efeitos da crise, a partir do segundo semestre, reduziram o ritmo de expansão – em 2010, o PIB do agronegócio subiu 7%. Em 2012, dificilmente o bom resultado será repetido. ”Os preços (das commodities) com certeza não vão ajudar tanto (como em 2011) e terão efeito negativo no PIB”, afirma Geraldo Barros, coordenador científico do Cepea.
Com os efeitos da estiagem do início deste ano nas lavouras ainda desconhecidos, há dúvidas sobre a contribuição dos volumes produzidos no resultado geral. ”Vai depender muito do impacto do clima na quantidade produzida, mas devemos ter um pequeno aumento ou leve queda”, acrescenta Barros.
Avanço no campo – No ano passado, o melhor desempenho ocorreu da ”porteira para dentro”. O mercado de insumos para a agropecuária, como fertilizantes e rações, cresceu 11,4% no ano passado, enquanto a produção no campo, considerando lavoura e pecuária, aumentou 10,8%.
Só nas lavouras, o avanço foi de 12,1%, com destaque para o algodão, cujo faturamento mais do que duplicou. O PIB da pecuária subiu 8,8%. Mas, nesse caso, a alta de 8% nos preços médios foi a única responsável pelo avanço, pois o volume de produção permaneceu estável.
No caso da pecuária de corte, que passou por mais um ano de oferta restrita de animais para o abate, a alta de preços não compensou a queda nos volumes, e o setor encerrou o ano com um leve recuo de 0,45% no PIB. Já a produção de frango (30%), leite (10%) e ovos (17%) cresceu.
Entre todas as atividades do agronegócio, a indústria teve o desempenho mais modesto, encerrando o ano com variação de 0,66% no PIB. Das 13 indústrias analisadas, apenas três cresceram: café (13%), óleos vegetais (12%) e alimentos (10%).
O dado geral reflete setores em crise, como calçados, cujo PIB caiu 11,7%, e têxtil (-9,9%). A quebra da safra de cana, ocasionada por problemas climáticos e falta de investimento nos canaviais, provocou retração de 10,7% na produção de açúcar.