Depois de driblar a crise e segurar a economia em 2015, o agronegócio do Paraná deve ter mais um ano positivo em 2016, embalado pela expectativa de uma boa safra de grãos, crescimento do setor de carnes e ampliação de investimentos por parte das cooperativas.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara, diz que a economia rural vai bem e, nos últimos anos, deu suporte para que o Paraná alcançasse a posição de quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do País. “O campo gera emprego, renda e ajuda a movimentar a economia dos pequenos municípios. O agronegócio representa um terço da economia paranaense. Se não fosse isso, os municípios do Interior teriam mais dificuldades no cenário de instabilidade política e econômica”, afirma.
Investimentos
O setor, puxado pelas cooperativas agropecuárias, continua com ritmo forte de investimento, mesmo com a recessão brasileira. Para 2016, as cooperativas programam R$ 2,5 bilhões em investimentos, 8% mais do que os R$ 2,3 bilhões aplicados em 2015, de acordo com o Sindicado e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
A maior parte dos recursos vai para projetos de agroindustrialização. “Há um sentimento bom no Interior por conta do agronegócio. Muitas indústrias estão investindo no Estado, novas unidades sendo instaladas. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, por sua vez, encerrou o ano com mais R$ 1,1 bilhão emprestados para o setor no Paraná. Os investimentos ocorrem mesmo na crise e por isso os resultados aparecem”, diz o secretário da Agricultura.
Resistência
De acordo com Flavio Turra, gerente técnico da Ocepar, o setor de alimentos tem uma resistência maior aos efeitos da crise econômica brasileira e apresenta uma demanda consistente. Além disso, a alta do dólar favoreceu as exportações e mais que compensou a queda nos preços das commodities.
As cooperativas paranaenses fecharam 2015 com exportações de US$ 2,4 bilhões, contra US$ 2,3 bilhões no ano anterior. Depois de registrar um crescimento de receita de 12% em 2015, chegando a R$ 49 bilhões, as cooperativas agropecuárias esperam aumento 7% a 8% no faturamento para 2016.
Avicultura
Um dos setores mais importantes para o agronegócio paranaense, a avicultura também tem boa expectativa para 2016. Maior produtor e exportador de frango do País, o Paraná deve repetir o resultado favorável de 2015. A projeção do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) é de um crescimento de 4% a 6%.
Além de ganhar espaço na mesa do brasileiro, por ser uma proteína mais barata do que a carne bovina, a carne de frango também registra aumento nas exportações. Domingos Martins, presidente do Sindiavipar, explica que hoje mais de 150 países compram o frango paranaense. As oportunidades de expansão são grandes, principalmente com as restrições sanitárias impostas a alguns mercados, como Estados Unidos e México, por conta da gripe aviária.
Martins afirma que o Paraná tem uma cadeia integrada de produção, que preza pela sanidade animal graças à parceria entre as empresas e o Governo do Estado, por meio da Adapar ( Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).
Venda antecipada
Outro ponto positivo para 2016 é que os produtores anteciparam a venda da safra de soja que começa ser colhida no fim de janeiro. Um terço da produção já foi comercializada, contra uma média, nos últimos anos, de 20% para essa época do ano. Com o dólar favorável, a venda de soja ganhou velocidade já em 2015. Em média, o produtor está recebendo R$ 65,47 por saca, 12% acima do valor praticado em dezembro de 2014.
De acordo com Francisco Simioni, diretor geral do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a expectativa é de uma boa safra de verão 2015/2016, com 22,2 milhões de toneladas, ligeiramente superior ao recorde do período anterior, de 22 milhões de toneladas.
O único receio diz respeito aos efeitos do fenômeno El Niño, que provoca excesso de chuvas no Sul e pode comprometer a produtividade e a qualidade dos grãos. A safra de soja, principal do Estado, deve render o volume recorde de 18 milhões de toneladas.
Diversificação
O vigor exibido pelo setor agrícola se deve a uma reunião de fatores, na avaliação de Francisco Simioni, do Deral. A sucessão de safras bem sucedidas, a diversificação da produção e o trabalho conjunto entre o Governo do Paraná e a iniciativa privada, tanto na pesquisa e apoio técnico como no desenvolvimento de programas voltados para o setor, ajudaram a fazer do agronegócio paranaense um dos mais fortes do País.
“Todos os grandes programas do governo, como Plante seu Futuro, Modernização da Pecuária de Corte, Trator Solidário e Seguro Rural foram desenvolvidos em parceria”, diz.
O Paraná bateu, em 2015, vários recordes de produção, de acordo com o secretário Norberto Ortigara. “Nunca se produziu tanto frango, suínos e leite e grãos, com uma safra recorde de 38 milhões de toneladas”, diz.