A representatividade paranaense nos setores da indústria que mais contribuíram para o resultado nacional do PIB – máquinas e equipamentos, metalurgia e automotivo – tem condições de alavancar a economia regional no decorrer de 2010, mas analistas apontam que o principal trunfo do estado até o fim do ano está no agronegócio. Se as boas perspectivas de safra se efetivarem, o PIB estadual pode apresentar uma elevação ainda maior que a nacional. Para 2010, as estimativas de crescimento econômico do país estão entre 6% e 7%.
Na avaliação do coordenador de conjuntura econômica do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki, o estado não irá se destacar caso dependa demais do resultado da indústria local. “Porém, um diferencial paranaense pode estar na agroindústria. No ano passado, o campo teve um desempenho fraco, mas as perspectivas do PIB agropecuário para 2010 apontam recorde, principalmente em função do plantio de soja”, diz Suzuki.
O economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) Roberto Zurcher diz que ainda está cedo para avaliações mais precisas, mas confirma que o cenário permite ter essa “suspeita”. “Em vários períodos da história recente, o Paraná cresceu acima da média nacional. Este ano, até agora, traz suspeitas de que isso aconteça novamente por causa do agronegócio. O problema é que se trata de um setor que depende muito de São Pedro mandar chuva”, brinca o economista.
Exportações
A notícia ruim vem de parte do setor de produtos acabados, cujos números ainda não retornaram ao período pré-crise. “Na parte de veículos, o Paraná tem o parque mais moderno, mais voltado para a exportação, que ainda está aquém dos números do ano passado”, completa. O polo automobilístico da Grande Curitiba sozinho responde por 12% da produção nacional de veículos e gera cerca de 13% da renda industrial local.
Quem também sentiu a diferença no mercado externo foi o diretor da Tecmetal Estruturas Metálicas, Celso Thá. Ele diz que sente o aquecimento evidenciado pelos números do PIB limitado ao mercado interno. “Só na parte de construção civil estamos lotados de trabalho, com uso de 90% da capacidade instalada”, conta. No entanto, a queda no setor produtivo voltado para exportação, que ainda persiste, está mantendo seu faturamento abaixo das comparações com o ano passado, quando seu uso da capacidade instalada estava “em 120%”. “Hoje vemos uma retomada da economia, mas o pessoal voltado para exportação, para o setor externo, ainda está engatinhando nos investimentos”, completa.