Da Redação 07/11/2005 – No Verão, seca no Sul. Na Primavera, febre aftosa no Centro-Oeste. Problemas climáticos e sanitários nas duas regiões mais identificadas com o agronegócio no Brasil contribuíram para tornar 2005 um dos piores anos da história para a produção primária no país e criar um cenário nebuloso para o futuro.
Projeção da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta perda de R$ 17,9 bilhões neste ano para os dois segmentos – mas ainda não leva em conta os prejuízos da aftosa. Como só o cancelamento de exportações é estimado em R$ 2,1 bilhões, o cálculo final ultrapassa os R$ 20 bilhões.
Os problemas provocados pela aftosa ainda não estão incluídos e vão ter impacto na reestimativa da produção de carne. O efeito deve ser significativo, porque a pecuária de corte é o segmento com maior faturamento bruto, lugar que no ano passado era da soja, informa Getúlio Pernambuco, chefe do Departamento Econômico da CNA.
Só a perda com a exportação de carnes é estimada em pelo menos US$ 1 bilhão para um período de seis meses por José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). A projeção é feita com base no comportamento já verificado em outubro, que mostrou queda de 14% nas vendas do produto brasileiro no Exterior.
Setor vive a maior crise dos últimos tempos
– Estamos vendo a maior crise na agropecuária nos últimos tempos. Este ano poderia acabar logo para começar 2006 – desabafa Homero Pereira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).
Queda nos preços dos grãos no mercado internacional, real valorizado frente ao dólar, juros altos e custos crescentes dos insumos compõem, com a seca e a aftosa, o cenário de desolação no campo.
– É muito animal sacrificado, dá pena ver uma situação dessas – conta Ramiro Moisés Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Eldorado (MS).