Redação (04/02/2009)- A estiagem não foi o único problema enfrentado pelo município de Renascença e região. No mesmo período em que produtores de grãos viram as plantas sofrerem com a falta de chuvas, criadores de frango ficaram com os aviários vazios, porque as empresas do setor reduziram a produção e o abate. Nos últimos dias, o alojamento de pintinhos voltou a ser feito, mas os projetos de ampliação foram engavetados.
O prefeito José Kresteniuk (PSDB) contou que, no segundo semestre do ano passado, durante a campanha eleitoral, havia pelo menos 50 pedidos para que a prefeitura fizesse terraplenagem para novos aviários, mas ninguém mais pede isso. "A pressão acabou. Houve acomodação", disse. O Sudoeste do Paraná é um grande produtor de frangos. A Sadia, que reúne o maior número de integrados – produtores contratados para criarem as aves – tem frigoríficos nos municípios de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão.
Os integrados da empresa temem falar no assunto para evitar confrontos, mas segundo diversos donos de aviários ouvidos pelo Valor , antes da crise os alojamentos de aves costumavam ser feitos uma semana após a retirada dos frangos que seguiam para o abate. Depois, esse prazo aumentou para 20 a 35 dias.
A Sadia informou, por meio da assessoria de imprensa, que o período de ajuste de produção, que resultou em paradas nas unidades da empresa, foi encerrado. A cadeia de produção segue ritmo normal, o que inclui o alojamento de frangos e perus. Segundo a empresa, na região de Francisco Beltrão o volume de perus alojados foi reduzido quase pela metade e voltou a 100%.
Mas alguns integrados terão de resolver pendências antes de voltar a receber frangos. A empresa argumentou que o Ministério da Agricultura instituiu uma série de medidas de segurança que precisam ser observadas. "Estamos simplesmente cobrando que os integrados cumpram uma determinação e aproveitamos esse período de menor produção para que esses ajustes fossem feitos", diz a empresa, que tem cerca de 6,5 mil integrados de aves em todo o país.
Não foi só a Sadia que reduziu a produção na região. Na Gralha Azul Avícola, de Francisco Beltrão, 9 milhões de pintinhos deixaram de ser produzidos desde novembro, o equivalente a 46% do volume normal. O principal produto da avícola é o pintinho de um dia, para as empresas repassarem a integrados. "As exportações foram afetadas e não conseguimos visualizar qual será o novo mercado", diz o sócio-diretor, Roberto Pécoits. O quadro de pessoal da Gralha Azul caiu de 300 para 255 pessoas. "Os últimos três meses foram horrorosos", reclama o empresário, que vê sinais de recuperação para os próximos meses.