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Alca não deve sair até janeiro de 2005

Eleições nos Estados Unidos inviabilizam entidade.

Da Redação 12/04/2004 – 04h45 – Ao menos no prazo previsto, não se concretizará a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Essa é a percepção tanto de industriais quanto de representantes da agropecuária. “A idéia do Brasil era avançar para um nível de ambição menor até 2005, aberto para o futuro, mas nem aí conseguimos chegar”, lamenta Osvaldo Douat, presidente da Coalizão Empresarial Brasileira, grupo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para as negociações internacionais.

Pedro de Camargo Neto, conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e ex-secretário de Produção do Ministério da Agricultura, que acompanhou as negociações tanto à mesa oficial quanto na sala ao lado, com os empresários, resume: “Embora o governo negue, a leitura de todos é de que foi um enterro (a reunião em Buenos Aires no início do mês).

Um comunicado divulgado no dia 1 de abril minou as expectativas de progresso na formatação da Alca light, o acordo menos ambicioso do que o original que preservava o símbolo e alguns avanços no acesso a mercados.

Janeiro de 2005 era o prazo previsto nos documentos oficiais para o fim das negociações, mas as mais detalhadas, que envolvem prazos de remoção de tarifas, teriam de ser concluídas até setembro deste ano. A seis meses do prazo, os diplomatas empacaram. “Um novo cronograma terá de ser negociado. É um pouco paradoxal, mas será preciso sentar para ver como se dá seqüência aos prazos não cumpridos”, diz Douat.

Arrogância do parceiro interrompeu o acordo

Na avaliação de Camargo, isso ocorreu por “arrogância” dos Estados Unidos e “má vontade” do Brasil. O conselheiro da SRB não se conforma com a atribuição da responsabilidade ao fato de os EUA não aceitarem prever a redução dos programas de apoio interno. “Não entendi. A questão agrícola não deveria ser ponto de ruptura. Era importante ter chegado a um bom termo, mesmo com um texto mais ambíguo”, analisa.

As eleições de novembro nos EUA bloquearam as chances de acordo. Douat avalia que não será possível avançar agora, diante da proximidade da eleição nos EUA: “Qualquer mudança só com um grande impacto eleitoral”.