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Economia

Alimentos caros

Índice da FAO para de subir, mas segue elevado. Preços de alimentos ainda acumulam alta de 36% em 12 meses. No campo de SP, também há ganhos.

Alimentos caros

Após interromper uma sequência de oito valorizações mensais e recuar em março, o índice de preços globais de alimentos da FAO permaneceu praticamente estável em abril. Segundo levantamento divulgado na quinta-feira pelo braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, o indicador fechou o mês passado em 232 pontos, ante os 231 de março e o recorde histórico de 237 pontos batido em fevereiro. Em relação a abril de 2010, a alta ainda chega a 36%.

A relativa estabilidade apontada na comparação entre abril e março indicada pela FAO ocorreu apesar do salto dos grãos, que foi compensado pelas baixas de arroz, açúcar e lácteos. Carnes e oleaginosas oscilaram pouco. Em comunicado, um dos diretores da FAO, David Hallam, diz que a degringolada do dólar e a alta do petróleo ajudam a manter elevados os preços dos produtos alimentares, sobretudo grãos. A demanda continua forte e as perspectivas de um retorno a preços “mais normais” dependerão da produção e dos estoques globais nesta temporada.

A quinta-feira, porém, foi de fortes quedas dos grãos e das commodities em geral nas principais bolsas internacionais. Incertezas em relação à economia europeia enfraqueceram o euro e deram sobrevida ao dólar, reduzindo a competitividade dos produtos americanos e provocando uma tsunami baixistas sobretudos nas bolsas dos Estados Unidos. Mesmo assim, as agrícolas permanecem em elevados patamares e com fundamentos de oferta e demanda “altistas”.

No Brasil, onde as projeções de valor bruto da produção agrícola nacional sinalizam um novo recorde em 2011, graças a boas colheitas e preços remuneradores, as cotações no campo continuam sustentadas, apesar de as disparadas terem arrefecido. Exemplo disso é o IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores de São Paulo. Pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria da Agricultura do maior Estado consumidor do país, o indicador recuou 0,61% em abril – a primeira queda mensal após oito valorizações seguidas -, mas ainda acumula ganho de 26,16% nos últimos 12 meses.

Em linha com o diagnóstico da FAO, algumas das maiores altas em 12 meses em São Paulo são percebidas pelos produtores de grãos. No caso do milho, chega a 72,58%; no do trigo, a 30,33%, enquanto na soja atinge 29,12%. Mas, na lista de 18 produtos pesquisados pelo IEA, nenhum subiu tanto quanto o café: 88,29%. Também apresentam variações positivas consideráveis no período as carnes de frango (27,43%) e bovina (25,63%) e os ovos (33,94%).

“Os preços agropecuários evoluíram em percentuais muito superiores aos dos indicadores da inflação brasileira, como resultado da pressão de demanda derivada do crescimento da massa salarial e da conjuntura altista de importantes preços internacionais. Os maiores preços agropecuários internos, ao derivarem diretamente da demanda, ainda se mantêm muito mais elevados que no ano anterior. Ou seja, a queda mensal significa que os preços agropecuários deixaram de subir, mas não reverteu o padrão de patamar elevado em relação ao ano anterior”, afirmam os pesquisadores do IEA em comunicado.

Os relatórios estão disponíveis em www.fao.org e www.iea.sp.gov.br