Importantes alimentos da cesta de consumo, como feijão, leite, tomate e batata, sobem com força desde janeiro na esteira de chuvas mais intensas. Esses itens são o principal foco de pressão na inflação, que também se acelera por conta do aquecimento da economia.
O cenário ficou mais claro com a divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), do IBGE. O índice subiu 0,63% em maio, maior taxa para o mês desde o início da série histórica, em agosto de 2006. Ficou acima das previsões do mercado e superou também a variação registrada em abril (0,48%). Com o resultado, o índice acumulou alta de 3,16% de janeiro a maio, também a maior da série e acima do 2,10% do mesmo período de 2009.
O IPCA-15 usa a mesma metodologia do IPCA (que baliza a meta de inflação do governo), mas encerra sua coleta mensal de preços no dia 15 de cada mês. Para especialistas, os alimentos, que sazonalmente sobem no começo do ano, tiveram uma pressão adicional em 2010 por causa do clima. Mas o ritmo forte da economia também intensificou os repasses de custos e fez os reajustes do grupo alimentação e de outros itens chegarem mais fortes ao bolso do consumidor.
“Existem pressões de oferta sazonais, mas o que preocupa é o patamar elevado que se sustenta nos últimos meses. Isso mostra algum reflexo do aquecimento da economia”, diz Bernardo Wjuniski, analista da Tendências Consultoria.
Não há, porém, um “superaquecimento” do consumo nem “uma inflação descontrolada”, mas o cenário requer cautela, segundo o economista.
Em maio, reajustes pontuais de remédios (preço controlado pelo governo que sobe anualmente) e energia elétrica impulsionaram a inflação. Pesou ainda o fim da redução do IPI para carros, que subiram 1,57%.