O Índice de Preços ao Consumidor Classe 1 (IPC-C1) desacelerou em janeiro puxado pelos alimentos. O índice que mede a inflação para as famílias com até 2,5 salários mínimos variou 0,86% ante alta de 1% em dezembro.
A variação do grupo Alimentação – a principal fonte de pressão para a inflação das famílias de baixa renda – foi de 0,58%. A pressão do grupo é a menor registrada no mês de janeiro desde 2006, quando marcou 0,38%.
Dentre os alimentos destacaram-se os itens açúcar refinado (saiu de aceleração de 0,40% em dezembro para -2,57% em janeiro); carne bovina (de 3,63% para -1,68%); leite longa vida (-0,89% para -1,83); arroz (2,23% para 0,92%); e frango com pedaços (1,91% para 0,01%).
Na contramão desse movimento, alimentos in natura registraram forte aumento. O item hortaliças e legumes passou de 1,40% em dezembro para 7,17% de alta em janeiro. Para o economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta desse tipo de alimento “é algo normal nessa época do ano e não deve se repetir em fevereiro”.
Além dos alimentos, também apresentaram desaceleração nas taxas de variação os grupos Habitação (0,42% em dezembro para 0,38% em janeiro), Vestuário (1,51% para -0,20%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,79% para 0,24%).
Ônibus urbano foi destaque entre os itens que pressionaram o IPC-C1 para cima. A alta em janeiro foi de 3,60% sobre 0% registrado em dezembro. O item tem grande impacto sobre a população de baixa renda, compromete em média algo em torno de 10% do orçamento das famílias.
O reajuste das mensalidades também teve algum impacto para a alta do índice no primeiro mês do ano. “Desde o começo da série histórica em 2004 para cá esse foi o mês de janeiro em que o grupo educação como um todo subiu mais. O aumento médio foi de 3,54%”, comentou André Braz. Os cursos formais puxaram essa alta ao subir de 0,00% em dezembro para 9,87% em janeiro.
Para o economista, o IPC-C1 deve desacelerar fortemente em fevereiro para marcas em torno de 0,4% ou 0,5%, confirmando a atual tendência de queda. “É certo que vai haver uma desaceleração muito forte porque não vai dar para os grupos educação e transporte repetirem essa alta de janeiro que supera 3%”, comenta Braz. Segundo ele, “no mês de janeiro nós temos tipicamente uma variação um pouco mais forte dos índices de inflação [marcada pelo reajuste de preços de itens como ônibus urbano e mensalidade escolar] e não poderia ser diferente no PIC-C1”.
O economista prevê para o primeiro semestre de 2012 taxas de inflação menores que as apresentadas no primeiro semestre de 2011. “Isso não deve ser registrado só no IPC-C1, mas exibido por todos os índices de preços ao longo do semestre”, diz. No segundo semestre, no entanto, pode haver retorno da inflação. “Temos um ambiente cercado ainda por algum receio da crise europeia, mas os recuos consecutivos da Selic, um dólar mais favorável e a ausência de altas de preços administrados estão criando condições para o aumento da demanda”.