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Alimentos

Alimentos subirão ainda mais, prevê FAO

Os países devem "se preparar" para alta de preços ainda maior dos alimentos em 2011.

Alimentos subirão ainda mais, prevê FAO

Os países devem “se preparar” para alta de preços ainda maior dos alimentos em 2011, se as principais colheitas não aumentarem significativamente, alertou a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

A fatura passará de US$ 1 trilhão para os importadores e, nesse cenário, os produtores brasileiros poderão ser um dos principais ganhadores. A FAO estima que o país poderá exportar volumes recordes de açúcar e embarques quase recordes de carne e oleaginosas.

“O lado negativo é que o real valorizado em relação ao dólar pode minar os benefícios completos de maior ganho nas exportações”, diz Adam Prakash, assessor de preços da agência da ONU. “E preços mais altos podem diminuir a demanda global no futuro”. Além disso, o temor de inflação ocorre tanto na China, Índia e outros emergentes, como também no Brasil.

A fatura mundial de importações alimentares aumentará 15% em relação a 2009. O custo ficará quase idêntico ao volume de US$ 1,031 trilhão ocorrido durante a explosão de preços de 2008.

O encarecimento da maioria dos produtos agrícolas é causado por insuficiência de oferta por problemas meteorológicos, dólar fraco e agravado pela restrição a exportação de grandes produtores como a Rússia e a Ucrânia.

O açúcar, que tem o Brasil como maior produtor e exportador, é em grande parte responsável pela alta na cesta mundial de alimentos nos últimos meses. Sua cotação atingiu o mais alto nível em 30 anos, devendo continuar elevada e “extremamente volátil”.

“Os preços mundiais podem aumentar ainda mais se a produção não melhorar significativamente no ano que vem, em particular para soja, milho e trigo”, diz a FAO.

“É improvável que os efeitos de preços mais altos sejam contidos em seus respectivos setores, na medida em que essas commodities constituem ingredientes para pecuária ou para o setor de bicombustíveis”, acrescenta. “Com os preços refletindo largamente a escassez na exportação, a concorrência global para assegurar matérias-primas deve se intensificar”.

No caso de oleaginosas, os preços elevados refletem um crescimento relativamente lento da produção mundial que não consegue satisfazer a demanda em rápida expansão.

O custo de produtos da pecuária, especialmente lácteos, elevará a fatura dos importadores em US$ 50 bilhões este ano. O preço de manteiga chegou a um nível sem precedentes. Até a mandioca bateu recorde de custo este ano, com a produção recuando pela primeira vez em 15 anos.

Os gastos com importação de legumes e frutas devem subir US$ 25 bilhões, estabelecendo esse grupo de produtos entre os mais caros na cesta global de comercialização de alimentos. Os peixes também terão importantes altas de preços.

Contrariamente às previsões de junho que apontavam progressão de 1,2% na produção mundial de cereais, a FAO prevê queda de 2%, por causa de condições meteorológicas “nefastas”. Os estoques mundiais devem diminuir 7%.

A produção de grãos brutos, incluindo milho e cevada, deve baixar 2,1% e os estoques, 12%. A produção de arroz aumenta 2,4%, para um recorde de 466 milhões de toneladas, e as reservas sobem 6%. A produção de oleaginosas cai 0,3% em 2010/11, caindo do recorde de 454,8 milhões de toneladas na safra passada.

A produção de açúcar aumentará 7,7% em 2010/11, para 168,8 milhões de toneladas. Os preços elevados impulsionaram aumento da produção, que vai superar pela primeira vez o consumo desde 2007/08.

A produção das principais cereais precisa crescer muito para responder às necessidades de utilização e reconstituição das reservas mundiais. Mas a FAO adverte que os agricultores poderão ser atraídos por colheitas com melhores preços como açúcar, soja e algodão.

Ou seja, a produção não será suficiente para atenuar as tensões no mercado e o consumidor “deverá gastar mais por sua alimentação”.

Pela primeira vez, o relatório é bem pessimista. Até agora, a FAO atenuava a gravidade da alta de preços e estimava mesmo que as cotações cairiam no ano que vem.