A suinocultura do Rio Grande do Sul [e de todo o Brasil] mergulhou numa crise desde o fim de 2008. A rentabilidade do produtor caiu bruscamente e as associações de classe saíram em busca de alternativas que amenizassem o problema. Uma das saídas encontradas em muitos Estados brasileiros, incluindo o Rio Grande do Sul, foi a redução do plantel suinícola – para ajuste de oferta e demanda – e a isenção do Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviço (ICMS) da carne suína in natura vendida dentro do RS e dos suínos vivos vendidos para fora do Estado.
“Após várias reuniões foi debatido e observado que havia a necessidade de redução na produção de suínos, tendo em vista que um dos fatores da crise era a produção acima da demanda, tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo”, explica Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs). “Além disso, conseguimos também a isenção do ICMS, que foi positiva não apenas para o suinocultor como também para toda a cadeia produtiva”.
De acordo com Folador, com a isenção do ICMS, a carga tributária sobre a carne suína diminuiu, proporcionando um alívio para o produtor, que estava há meses e ainda está pagando para produzir. “O principal ponto positivo da isenção do ICMS foi que ela iniciou a recuperação do setor como um todo, pois, foi a partir dela que o preço do suíno começou a subir”, pontua.
Situação atual – O presidente da Acsurs não sabe quantificar os ganhos obtidos pelo setor através destas ações, principalmente quando se fala em produção de suínos. “Não sei dizer quantos produtores reduziram seu plantel. Se muitos produtores não fizeram isso de boa vontade, acabaram fazendo por necessidade e também por uma pressão do mercado, pois os preços e a remuneração da produção sofreram grande queda e, consequentemente, os prejuízos foram enormes”, afirmou Folador. “Quando fecharmos o ano de 2009 e analisarmos os números dos abates e compararmos com os números de 2008, poderemos avaliar se houve ou não uma redução no abate, ou seja, se os suinocultores seguiram ou não nossa recomendação”.
Segundo Folador, o mercado suinícola atual apresenta melhoras e vem devolvendo a rentabilidade para os produtores, principalmente dos autônomos, sem contrato de integração. “Se nós fizermos uma avaliação como um todo, hoje, não tem suinocultor que esteja em situação favorável”, diz. “O mercado vem se recuperando e todos os produtores, sejam eles integrados ou não integrados, com ou sem contrato de integração, terão uma melhora significativa na sua rentabilidade e conseguirão manter e levar adiante sua produção e a atividade da suinocultura”, prevê o representante da Acsurs.
Folador acredita que o setor deve voltar o foco para a produção de alimentos no Brasil e criar políticas que realmente atendam às necessidades dos produtores. “Felizmente, isso vem crescendo. Neste sentido, nós temos um longo caminho pela frente, temos muito a buscar ainda”, concluiu.