Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Alta dos insumos e escassez de crédito ameaçam expansão da avicultura

Mesmo com entraves cadeia avícola paranaense projeta crescimento acima do PIB.

Alta dos insumos e escassez de crédito ameaçam expansão da avicultura

O primeiro semestre de 2012 foi de registro de recordes tanto em produção quanto em exportação para a avicultura paranaense. O Paraná, que já é o maior produtor da ave no país, sendo responsável por quase 30% do total nacional, também consolidou a liderança nas exportações, posição que alternava com Santa Catarina. O cenário para o segundo semestre poderia apresentar resultados ainda melhores – já que é cheio e concentra os melhores meses para exportação – não fosse as altas consecutivas dos insumos ocasionadas, principalmente, pela quebra da safra americana de soja e milho. 

“Por conta do aumento do preço dos insumos a avicultura paranaense já está sofrendo uma desaceleração. No entanto, ressalto que devido à organização que a cadeia avícola possui e às nossas excelentes condições fundiárias, geográficas, topográficas e climáticas, o setor ainda continuará a crescer. O ritmo de crescimento deve ser um pouco mais lento, mas mesmo assim deverá ser acima do Produto Interno Bruto (PIB), o que mostra a força do nosso setor para a economia”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.  Em 2011, as exportações de frango paranaenses cresceram 20,9% em receita se comparado ao ano anterior. O PIB brasileiro avançou 2,7% nesse mesmo período. 

Segundo Martins, o cenário atual é culpa de uma estrutura mundial e tem origem na grande especulação em cima das commodities – não só as agrícolas. “Os investimentos aplicados sobre elas são grandiosos”, avalia. Nos últimos seis meses foram registrados aumentos de até 80% nos preços da soja e de 40% nos custos do milho.

Reflexos e expectativas

O relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) sobre a safra americana divulgado no início de agosto, que apontou uma quebra de 130 milhões de toneladas na safra 2012/2013 de milho e soja, veio para confirmar o estado de alerta em que se encontrava a avicultura a partir do segundo semestre do ano, segundo Martins. “É importante destacar que cada empresa enfrentará essa questão de uma maneira diferente e que o Sindiavipar está acompanhando de perto essa situação. O que se espera agora é que o governo adote medidas para evitar a redução na produção e o repasse de preços ao consumidor”, ressalta. 

Outro problema que está preocupando o setor no momento é a escassez de crédito. O prazo para que produtores pagassem aquisições de grãos costumava ser de até 40 dias, enquanto hoje a exigência de pagamento precisa ser antecipada ou a vista. “Por conta desse cenário, as instituições financeiras não podem criar barreiras às agroindústrias que necessitam obter recursos para compra de insumos, e sim devem dar amparo e incentivo para este setor de grande importância econômica e social”, alerta Martins. Ainda segundo o presidente do Sindiavipar, o setor avícola é o maior comprador de milho e por isso precisa de uma atenção especial em circunstâncias como estas. Os grãos representam mais de 60% do custo total de produção na avicultura.

Relevância do setor

O setor avícola paranaense emprega cerca de 550 mil pessoas, entre empregos diretos e indiretos, o que representa cerca de 5% da população do Paraná. “Além de gerar um grande número de postos de trabalho, a avicultura atua efetivamente na distribuição de renda e na fixação o homem no campo. São poucos setores produtivos que conseguem fazer isso tão bem”, comenta Martins. Hoje, o Paraná tem 42 agroindústrias atuando na atividade, entre abatedouros e incubatórios, e mais de 18 mil avicultores integrados. Essas empresas são responsáveis pela produção anual de mais de um bilhão de cabeças de frango – mais de quatro milhões de aves por dia. As 28 indústrias paranaenses habilitadas para exportação vendem todos os anos mais de um milhão de toneladas de carne de frango, injetando na economia do estado mais de US$ 2 bilhões. Todo o frango produzido no Paraná vem das granjas de matrizes espalhadas pelo estado.

Histórico

Maior produtor nacional desde 2000, o Paraná registrou, no último mês de março, recorde histórico de produção de frangos de corte com 125,86 milhões de cabeças abatidas. O segundo maior número do ranking havia sido alcançado em março de 2011, com 120,98 milhões de aves produzidas, de acordo com dados do Sindiavipar. Recentemente, o Paraná também estabeleceu a liderança nas exportações de frango, posição que dividia com Santa Catarina até o primeiro bimestre. Em maio, o estado apresentou novo recorde, desta vez nas exportações. Pela primeira vez superou o patamar histórico de mais de 100 mil toneladas embarcadas para o exterior (117,52 mil toneladas) e de faturamento de mais de US$ 200 milhões (US$ 210,95 milhões). 

Atualmente o Paraná comercializa com 130 países em todo o mundo, e é responsável por quase 30% das exportações nacionais de frango. Na lista de principais destinos estão países do Oriente Médio (como Arábia Saudita, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Egito), Japão e China. “Produzimos a melhor proteína animal do mundo, que atinge todas as camadas sociais e não temos nenhum complicador cultural e religioso como é o caso das carnes suína e bovina e barreira financeira como é o caso dos peixes”, conclui Martins.