O índice de preços globais de alimentos da FAO, braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, registrou leve alta em outubro e interrompeu uma sequência de cinco baixas mensais consecutivas. Houve valorizações em todos os grupos de produtos monitorados pela agência.
Conforme levantamento divulgado ontem (07/11), o indicador fechou o mês passado em 205,8 pontos, 2,7 pontos acima de setembro. O açúcar puxou a alta, graças, em parte, às chuvas que prejudicaram a colheita de cana no Centro-Sul do Brasil e ao incêndio que destruiu o terminal de exportação da Copersucar no porto de Santos (SP).
O índice específico da FAO para o produto aumentou de 246,5 pontos, em setembro, para 264,8 pontos em outubro – maior patamar desde dezembro do ano passado. Mas, como as estimativas ainda apontam para mais um superávit global de açúcar nesta safra 2013/14, a expectativa é que as cotações percam fôlego.
Também expressiva foi a valorização dos óleos vegetais, que refletem movimentos da soja. O índice da agência da ONU para o grupo passou de 184,3 pontos, em setembro, para 188 no mês passado, sob a influência da seca que afetou a colheita do grão em regiões do Meio-Oeste dos EUA e do aperto da oferta de óleo de palma no Sudeste asiático.
O índice de preços do grupo formado pelos cereais, por sua vez, subiu de 195 pontos, em setembro, para 197,1 pontos em outubro, ancorado pela alta do trigo. A valorização do cereal refletiu, entre outros fatores, o encolhimento da oferta na Argentina e problemas climáticos em áreas de produção dos Estados Unidos. Antes da alta, o indicador apresentou quatro quedas mensais consecutivas.
No grupo formado pelas carnes, houve um “embate” entre os ganhos registrados nos mercados de carnes bovina e ovina e as quedas observadas nos segmentos de carnes de frango e suína. Resultado: o índice do grupo passou de 184 pontos para 184,2 pontos, maior nível desde abril.
E nos lácteos, finalmente, os preços mantiveram-se em patamares elevados. O índice do grupo subiu de 251 pontos, em setembro, para 252,1 pontos em outubro. Ficou abaixo do recorde histórico de abril (256,6 pontos), é verdade, mas no mesmo “degrau” de maio (252,5) e, portanto, ainda no topo.
No que depender da oferta, a tendência das cotações em geral é de acomodação. Em outro levantamento divulgado ontem, a FAO estimou que a produção mundial de carnes tende a crescer 1,4% em 2013 em relação a 2012, enquanto nos lácteos o incremento deverá ser de 1,9%.
Apesar do déficit global, a produção de açúcar também deverá aumentar neste ciclo 2013/14, enquanto para as oleaginosas a estimativa é de novo recorde. Nos cereais, a oferta também é crescente, em parte por causa da recomposição da oferta de milho nos Estados Unidos, com nível de estoques bem mais elevados.
Assim, a agência das Nações Unidas projeta que a conta global das importações de alimentos somará US$ 1,15 bilhão neste ano, 3% menos que em 2012.