O governo do Amazonas quer aproveitar o reinício da exploração de potássio na região para tirar do papel o projeto de fazer do Estado um grande polo produtor de fertilizantes. A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) já tem desenhado o projeto de um grande polo gasoquímico, aproveitando o gás de Urucu, o potássio da foz do Rio Madeira e fosfato do sul da Amazônia, fechando a cadeia de matérias-primas para o setor. O investimento é projetado em pouco mais de US$ 1 bilhão.
O projeto tem sido apresentado em fóruns a possíveis investidores e, segundo o secretário de Mineração do Amazonas, Daniel Nava, já há manifestações de interesse. Do ponto de vista político, o governo argumenta que a produção de fertilizantes em grande escala pode ajudar a reduzir o desmatamento da floresta, pois garante maior produtividade a terras já aradas. “Queremos usar a geodiversidade do Estado para proteger a biodiversidade.”
Os fertilizantes são conhecidos pelo nome técnico de NPK, sigla para nitrogênio, potássio e fósforo. O primeiro é extraído do gás natural, que chegou a Manaus, no mês passado, com a inauguração do Gasoduto Coari-Manaus, da Petrobrás, que leva a produção de Urucu à capital do Amazonas. Com a interligação da cidade à Usina de Tucuruí, no Pará, deve haver sobra de parte do gás que seria destinado às usinas térmicas.
A exploração de potássio está sendo retomada às margens do Madeira e o fósforo pode ser achado em Estados vizinhos, como Mato Grosso, Tocantins e Pará, além de Goiás, que já explora o mineral. No primeiro, por exemplo, há grande esforço para viabilizar a exploração de uma jazida na região de Planalto da Serra, cerca de 250 quilômetros ao sul de Cuiabá.
A pesquisa é feita pela Cooperativa dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, que já investiu R$ 3 milhões e espera alguma definição sobre o potencial até o fim do ano. O Brasil importa atualmente metade do consumo interno de fosfato e, para lidar com o problema, o governo criou o Projeto Fosfato Brasil, que investiga reservas do mineral. “O potencial é grande do ponto de vista geológico, os ambientes são propícios para exploração, mas existe um longo caminho até se chegar à viabilidade econômica”, diz a coordenadora do projeto federal, Maisa Bastos Abram.
O polo gasoquímico projetado pela Suframa prevê de 475 mil a 679 mil toneladas por ano de ureia, que é retirada do gás para produção de fertilizantes, além de outras matérias-primas para a indústria petroquímica. “Estamos discutindo com o governo a viabilização dessa indústria, que poderia ser feita em sistema de consórcio, incluindo Petrobrás e investidores privados”, diz o secretário.Os estudos preveem faturamento anual de US$ 1,63 bilhão e geração de 2 mil empregos diretos e 35 mil indiretos.