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Amorim nega venda de posição em Doha para beneficiar etanol

<p>Ministro continua em Nova Iorque participando de diversas reuniões bilaterais e almoçou com os representantes dos BRICs.</p>

Redação (26/09/2008)- O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta quinta-feira, 25, que o governo brasileiro não tem nada a flexibilizar em relação à Rodada Doha, e mostrou-se otimista em relação à possibilidade de as negociações prosseguirem e serem concluídas, embora não possa prever quando.

Amorim, que continua em Nova Iorque participando de diversas reuniões bilaterais e almoçou com os representantes dos BRICs (Russia, Índia e China, além de Brasil), rechaçou informações publicadas de que o governo da Índia remeteu ao diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, uma carta na qual insinua que o Brasil estaria vendendo sua posição nas negociações da Rodada Doha em troca de acesso aos mercados americanos e europeus para o etanol, produto que é o carro chefe da política comercial do País.

"Não há o que o Brasil possa flexibilizar, isso é uma visão incorreta. O que o Brasil pode fazer neste momento é ajudar a encontrar uma solução", desabafou o ministro. E explicou: "o problema que ocorreu foi entre certos países, de um lado, entre eles a Índia, que talvez seja o mais militante deles, e também a China, e os Estados Unidos do outro".

Segundo Amorim, o que o Brasil quer é que se chegue a um acordo. "O que o Brasil tinha de flexibilizar já flexibilizou. Havia uma demanda em relação a produtos industriais e o Brasil negociou, dentro do que era possível e aceitável, pela indústria brasileira. Agora, não há o que o Brasil possa flexibilizar. O que o Brasil pode fazer neste momento é ajudar a encontrar uma solução".

Amorim acrescentou que "não é o Brasil que tem de flexibilizar". Para ele, a questão das salvaguardas especiais para produtos agrícolas em países em desenvolvimento é um ponto sobre o qual o G-20 nunca chegou a um acordo preciso. E insistiu: "então não há o que flexibilizar".

Questionado sobre a possibilidade de flexibilizar em relação aos subsídios, em troca de mercado para os biocombustíveis nos Estados Unidos e Europa, o ministro respondeu: "não tem o que flexibilizar. Nós vamos discutir e, ao discutir as coisas são reabertas e esta questão que está mencionada ainda não foi discutida". O ministro Amorim disse ainda que no encontro que teria com os integrantes dos BRICs, que inclui a Índia, não iria tratar deste assunto, nem apresentar nenhuma queixa.

"Rodada não morreu"

O ministro demonstrou otimismo em relação à retomada das negociações para a rodada Doha, de livre comércio. "Em sempre disse que Doha nunca morreu. A questão toda é saber o tempo que vamos levar", afirmou.

Segundo ele, "se a negociação avançar ainda este ano, com um acordo de modalidade, a próxima administração americana, qualquer que seja, já vai ter algum modelo pronto com apoio de muitos países que será difícil ser alterado".

Amorim lamentou que, se não for fechado um acordo logo, e demorar mais dois ou três anos, as pessoas vão continuar morrendo enquanto as negociações não caminham. "Enquanto isso, pessoas morrem de fome na África, produtores de algodão continuarão a enfrentando grandes subsídios norte-americanos, e a Índia não vai dispor do mecanismo que ela quer criar, que hoje não existe", disse.