Redação (05/05/06) – Segundo Jurandi Machado, diretor de mercado da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), a estratégia é desvincular os problemas do setor de pecuária de corte (especialmente a aftosa) da carne suína para conquistar mercados.
“Convidaremos missões de países resistentes [a comprar a carne suína brasileira], agora no 2 semestre para observar nossa produção”, disse durante seminário “Perspectivas para o Agribusiness em 2006 e 2007”. Ele estimou que a produção brasileira de carne suína deve alcançar 2,88 milhões de toneladas em 2006, acima dos 2,7 milhões de 2005. No ano que vem, deve alcançar 3 milhões de toneladas.
Ele disse que os custos do setor devem crescer no próximo ano em função da valorização do preço do milho. Mas confia que o aumento das exportações de carne suína, com a derrubada de barreiras sanitárias, compensaria os gastos.
No caso do setor avícola, a gripe aviária gerou uma crise por causa da queda das exportações. Mas para Paulo Molinari, da Safras & Mercado, o avanço da doença em vários países apenas potencializou a crise de superprodução no Brasil. “O setor apostou muito no aumento da exportação em 2006, em cima de um crescimento que já era alto no ano passado”, disse Molinari. “Mesmo que não houvesse gripe aviária, talvez a crise fosse a mesma”, completou.
O mercado de milho também deve passar por um período difícil que deve se prolongar pelo próximo ano. Segundo Molinari, se não houver problemas climáticos, a safrinha deve ser tão boa quanto a primeira safra, gerando excesso de oferta. De acordo com o analista, a safra de verão de 2005/06 no Centro-Sul, estimada em 27,78 milhões de toneladas, apresenta alta de 2 milhões toneladas acima da safra de verão em 2004/05, que somou 25,857 milhões de toneladas na região.
O analista acredita que no segundo semestre deste ano o dólar pode se valorizar por conta do período eleitoral. Isso pode significar uma melhora nos preços do miliho no mercado. “Trabalhamos com um dólar entre R$ 2 e R$ 2,35. Acredito que o governo não deixará cair abaixo disso”.
Ele observou que a grande produção de milho nos EUA pode provocar aumento dos estoques globais, mas ponderou que a demanda do grão para etanol pode dar sustentação aos preços. (CL)