O caos da infraestrutura logística brasileira foi escancarado para a sociedade nesta semana, em razão, das quilométricas filas de caminhões carregados de grãos, como, por exemplo, milho e soja, na entrada do porto de Santos (SP). “O resultado financeiro que seria gerado para a economia brasileira fruto da safra recorde de grãos está sendo sequestrado pela falta de armazéns, rodovias ruins, malha ferroviária reduzida, falta de hidrovias, e portos saturados”, afirma Cesário Ramalho da Silva, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Para a Rural, de pouco adianta a evolução tecnológica do agro brasileiro, que produz cada vez mais em menos área, e com menos insumos, num espiral de ganhos de produtividade, se não for possível transportar o que é produzido de maneira competitiva dentro das fazendas. “Com a infraestrutura logística falida, a supersafra que era para ser motivo de alegria ganhou contornos negativos. Se a capacidade de armazenagem do País fosse melhor, por exemplo, o produtor não precisaria vender a produção toda de uma vez, o que faz entupir rodovias e portos”, ressalta Ramalho.
Segundo a Rural, os efeitos perversos da logística ruim não se restringem apenas ao agro. “Além do corte na renda do produtor, e nas margens das empresas, o consumidor sofre com produtos mais caros e danificados, e o País perde divisas, com desdobramentos negativos também para a geração de emprego”, explica Ramalho.
A realidade é que o apagão logístico tem o poder de mudar a lógica do agro e da economia brasileira. “Simplesmente não estamos conseguindo comercializar [interna e externamente] o que produzimos bem. Se o agro está deixando de ser competitivo, imagine os outros setores. Nosso futuro não pode ficar parado no engarrafamento”, acentua Ramalho.