Pedro de Camargo Neto, da Abipecs, que acredita num cenário mais favorável o setor exportador no ano que vem |
Redação (07/12/06) – A previsão se baseia no resultado das vendas externas apurado em novembro, quando foram embarcadas 52.535 toneladas. Pela estimativa da Abipecs, as exportações no ano devem chegar a cerca de 534 mil toneladas, um recuo de 14,56% sobre 2005.
“Não foi possível repor o que deixamos de exportar entre março e maio deste ano”, afirmou Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs. Em dezembro de 2005, a Rússia suspendeu as compras de carnes suína e bovina de oito Estados brasileiros após o surgimento de focos de aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná. Em abril deste ano, o governo russo autorizou a retomada das compras de carne suína do Rio Grande do Sul e em agosto, do Mato Grosso, mas manteve o embargo ao produto de Santa Catarina – o maior exportador do país – , e aos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
De acordo com Camargo Neto, a reabertura do Rio Grande do Sul permitiu que as empresas redirecionassem para o Estado a produção destinada à Rússia. Assim, o setor exportador “parou de perder” vendas, afirmou o executivo.
Em novembro, por exemplo, os embarques voltaram a crescer em relação a igual período de 2005 – 25,74% – depois de só praticamente registrar quedas desde o início do embargo (a exceção é o mês de agosto). A receita também cresceu – 33,15% – para US$ 103,392 milhões. No acumulado até novembro, os embarques somaram 484,3 mil toneladas, um recuo de 16,64% na mesma comparação com 2005. O faturamento com as vendas caiu 12,36%, para US$ 953,284 milhões.
Por conta do embargo, as compras de carne suína da Rússia caíram 34,25% entre janeiro e novembro, baixando para 247 mil toneladas, segundo a Abipecs.
Apesar de lamentar o comportamento russo, por considerar injustificado o embargo ao suíno brasileiro, o presidente da Abipecs está otimista para o próximo ano, mas destaca que tudo vai depender da questão sanitária. Além da crescente demanda internacional por carne suína, outra razão para o otimismo de Camargo Neto está na vinda de uma missão de veterinários da União Européia ao país no próximo ano para avaliar a produção de suínos.
Os países do bloco não importam a carne suína brasileira por causa da aftosa, mas a UE está disposta a negociar a aplicação de regionalização sanitária recíproca para a carne suína.
O presidente da Abiec também considera positiva a decisão do governo de apresentar Santa Catarina como livre de aftosa sem vacinação à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). “Com esses dois fatos, abre-se um horizonte positivo para a carne suína”, afirmou. E aumentam as chances de depender menos do mercado russo.
Também há perspectivas positivas em relação ao Japão, segundo o executivo. O país, que nunca aceitou o princípio de regionalização para a aftosa, dá sinais de que pode fazê-lo. “A demanda por carne suína é forte, e o Japão precisa abrir seu mercado para outros fornecedores”, disse Camargo Neto. Hoje, o Japão compra dos Estados Unidos e da União Européia, onde a demanda interna por carne suína também é forte.