Após receberem elevados volumes de chuvas na sexta-feira e no sábado, as principais regiões produtoras de soja e milho do Rio Grande do Sul deverão voltar a enfrentar um quadro de escassez hídrica pelo menos até o fim do mês, segundo a Somar Meteorologia.
Em dois dias, a região norte do Rio Grande do Sul (terceiro maior produtor de soja e quinto de milho do Brasil) recebeu 101 milímetros de chuvas, em média, ante uma média histórica de 163 mm em janeiro. Autoridades de Rio Grande do Sul e Paraná consideram que a umidade pode ter estancado as perdas.
O Rio Grande do Sul já trabalha com a expectativa de perdas de mais de 15% para a soja por conta da seca, enquanto o Paraná (maior produtor de milho e segundo de soja do país) estima uma quebra de pelo menos 10% nas lavouras da oleaginosa.
A Somar avalia que as precipitações apenas amenizaram o problema no Rio Grande do Sul, lembrando que não há novas chuvas previstas nos modelos para os próximos dias. Algumas áreas dos Estados do Paraná e de Mato Grosso do Sul, no entanto, deverão registrar maiores volumes.
“Tem chuva no final do mês [no Rio Grande do Sul], mas não promete ser nada muito elevado”, comentou Márcia Haegely, meteorologista da Somar. Os produtores do Sul do Brasil, bem como os da Argentina e do Uruguai, sofrem nesta temporada 2011/12 os efeitos do fenômeno climático La Niña, que traz chuvas irregulares e escassas para o Sul do Brasil.
Segundo a meteorologista, Paraná e Mato Grosso do Sul terão chuvas mais frequentes, mas os maiores volumes serão registrados no Centro-Oeste nos próximos dias, o que pode dificultar os trabalhos iniciais de colheita de soja.
Na sexta-feira passada, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), ligado aos produtores, avaliou que as chuvas da semana passada prejudicaram o início da colheita de soja, e que os trabalhos poderiam estar mais avançados se o tempo estivesse mais seco no principal produtor do grão no Brasil.