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Área global de transgênicos deve subir 60%

Para especialista, o Brasil é um candidato natural a incrementar a sua produção.

Redação (12/02/2009)- Em sete anos, a área plantada com culturas geneticamente modificadas no mundo deverá atingir a marca de 200 milhões de hectares, espalhados por 40 países, com variedades transgênicas de arroz, banana, cana, beterraba e batatas, além do que já está disponível no mercado hoje. 

De todas essas culturas, o arroz tolerante a herbicidas e doenças é que deverá ter, de longe, a maior área plantada. Base alimentar da Ásia, o cereal tem sido foco de pesquisas sobretudo na China, país até pouco tempo receoso em relação às variedades modificadas pela biotecnologia. 

As expectativas são de Clive James, presidente do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês).

"O arroz e o milho transgênicos serão cruciais para o futuro", afirmou James durante a apresentação mundial, ontem, do estado das lavouras transgênicas no mundo em 2008. Segundo ele, as pesquisas mais avançadas com o arroz estão na China – que destinou mais recursos que qualquer outro país -, Índia, Indonésia, Tailândia e Filipinas por um motivo simples: dos 150 milhões de hectares plantados com o cereal hoje, 90% estão na Ásia. 

Para o especialista, o Brasil, nesse contexto, é um candidato natural a incrementar a sua produção. "O Brasil tem a maior área plantada com arroz fora da Ásia e está em 10ª posição [no ranking mundial]. Há grande potencial para crescimento", afirmou James, de Nairóbi, no Quênia. 

É a primeira vez que o relatório anual do ISAAA é divulgado de um país africano. A escolha foi motivada pelo fato de que dois dos três países que aderiram ao plantio transgênico em 2008 estão no continente. O Egito plantou 700 hectares com milho Bt e Burkina Faso semeou 8,5 mil hectares com algodão Bt. O terceiro país a entrar para o grupo foi a Bolívia, com uma área plantada de 600 mil hectares com soja Roundup Ready. 

De modo geral, as lavouras modificadas saíram de 114 milhões de hectares em 2007 para 125 milhões no ano passado, um aumento anual de 9,4%. Os EUA, como sempre, lideram a lista com 62,5 milhões de hectares plantados em 2008. A Argentina mantém a segunda posição, com 21 milhões de hectares, e o Brasil a terceira posição, com 15, 8 milhões. 

"Não crescemos mais devido ao atraso da liberação do milho BT pelo governo", afirmou Anderson Galvão, diretor da consultoria Céleres. A soja representou 14 milhões de hectares. O milho, 1,4 milhão de hectares e o algodão, 400 mil de hectares. "Poderíamos ter registrado até três milhões de hectares com milho", disse. 

A expectativa do consultor é de que a área de soja transgênica suba para 15 milhões de hectares na safra 2009/10. Para o milho, a previsão é dobrar a área. 

Entre as vantagens da biotecnologia apresentadas pelo estudo do ISAAA estão o aumento de produção em 141 milhões de toneladas e a economia de 359 mil toneladas de pesticidas desde que a transgenia chegou ao campo, há 12 anos. A organização também apontou que a aplicação da tecnologia elevou a renda de US$ 115 para US$ 250 por hectares para agricultores da Índia, Filipinas e África. "Isso sem falar no potencial de economia de água", disse James, lembrando que a agricultura utiliza 70% da água disponível no planeta. "No longo prazo, não é sustentável". 

Na semana passada, a Céleres divulgou estudo apontando que soja, algodão e milho transgênicos deverão representar uma economia de 105,1 bilhões de litros de água em dez anos no Brasil – o suficiente para abastecer 2,4 milhões de pessoas.