Os produtores de milho continuam abandonando o plantio no verão e aumentando o cultivo no inverno. Nesta safra de verão, o Brasil deverá fazer o menor plantio de milho da história.
Segundo consultorias especializadas, a área fica próxima de 7,4 milhões de hectares, e a produção não chegará a 30 milhões de toneladas.
A intenção de plantio do produtor depende dos preços. Sem visualizar remuneração com o produto no primeiro semestre, muitos produtores optaram pela soja.
As perspectivas para o milho mudaram, no entanto, neste segundo semestre, e os preços começam a se recuperar. Um dos motivos dessa mudança foi a forte participação do governo no mercado por meio de leilões de escoamento do produto.
Com a decisão já tomada de qual cultura semear e insumos comprados, poucos produtores podem mudar de ideia e voltar ao milho.
Com isso, a oferta do início do próximo ano deverá ser menos abundante e os produtores voltam a apostar na safra de inverno, também chamada de safrinha. A estimativa é de um crescimento de 3% nesse período, para 5,2 milhões de hectares.
Além de uma menor área, as lavouras de milho podem passar por problemas climáticos nesta safra. Segundo Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres, o clima está seco em boa parte da região centro-sul, devido ao fenômeno “La Niña”, o que pode atrasar tanto o plantio do milho como o da soja.
Exportação
Parte do milho retirado do mercado pelo governo tem como destino as exportações, que vinham patinando e não auxiliavam na recuperação interna dos preços.
Só no mês passado sairam 1,2 milhão de toneladas de milho pelos portos brasileiros, elevando o acumulado do ano para 3,53 milhões.
Algumas estimativas já indicam vendas externas de 9,5 milhões de toneladas no ano.
Sologuren, da Céleres -cuja empresa prevê plantio de 7,65 milhões de hectares e safra de 29,9 milhões de toneladas no verão-, diz que os preços do milho podem ser ajudados também por fatores externos.
A quebra de safra de grãos na Europa e na Rússia vai exigir importação maior dos europeus. “E a vantagem é que a Europa sempre paga “prêmio” pelo produto brasileiro”, diz o analista.
Fernando Muraro Jr., da AgRural -consultoria que estima área de 7,34 milhões de hectares e produção de 28,9 milhões de toneladas nesta safra de verão-, diz que o cenário para o milho é bom para o ano que vem.
A grande maioria dos produtores já fez, no entanto, a opção de plantio pela soja. Preço, custo de produção, liquidez na venda do produto e eventuais problemas climáticos pesaram na decisão. A conjugação desses fatores apontou para a soja.
Além dos fatores de melhora interna, as boas notícias podem vir também dos Estados Unidos, onde a demanda continua forte e os estoques caem rapidamente.
Além disso, problemas climáticos em algumas regiões podem impedir a produtividade média estimada para o país pelo Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).
Onde recua
Na avaliação da AgRural, o Paraná perderá 15% da área nesta safra de verão, semeando 760 mil hectares.
A liderança fica com Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que devem plantar cerca de 1 milhão de hectares cada.