Da Redação 24/06/2004 – 06h02 – A Argentina determinou a suspensão das importações de animais e carnes do Brasil. O motivo seria o foco de febre aftosa detectado no Pará. Primeiro país a cancelar negócios com o Brasil por causa da doença, a Rússia deve oficializar hoje a suspensão do embargo às importações de carne. A informação foi dada pelo ministro da embaixada russa em Brasília, Alexey Labetsky, ao ministro interino da Agricultura do Brasil, Linneu Costa Lima.
A decisão da Argentina foi publicada no site do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) do país vizinho. No fim da tarde, porém, o Ministério da Agricultura divulgou que recebeu do secretário de Agricultura da Argentina, Miguel Campos, a informação de que o embargo deve ser suspenso hoje.
Campos alegou que ainda não havia recebido informações detalhadas sobre o foco de aftosa. A exemplo dos russos, a restrição dos argentinos atinge bovinos, suínos, bubalinos, caprinos e ovinos. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Maçao Tadano, que está na China tratando da retomada das exportações de soja, classificou a decisão dos argentinos de “excesso de zelo”.
“Quando perceberem o quanto está distante o município de Monte Alegre (PA) de qualquer fronteira com a Argentina, as autoridades deverão rever a decisão”, acredita.
Para exportadores e produtores, a Argentina estaria aproveitando um problema sanitário pontual – três bois contaminados com aftosa em um pequeno município do Pará – para estabelecer uma barreira.
“Esse embargo nada mais é do que uma reação comercial. Não tem cabimento que um parceiro do Mercosul tenha uma atitude como essa”, reclama o presidente do Fórum Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira.
Claudio Martins, que é diretor-executivo da Associação dos Produtores e Exportadores de Suínos, acredita que esse embargo argentino não dure 48 horas. Tanto o governo brasileiro quanto a iniciativa privada já encaminharam as informações técnicas sobre as medidas adotadas desde a semana passada aos países compradores. Martins, porém, adianta que vai analisar a possibilidade de suspender um acordo de troca de informações que as empresas brasileiras mantêm com o setor de suínos da Argentina:
“Se o embargo da Argentina for por um período curto, não chegaremos a contabilizar prejuízos”.