Redação (24/11/2008)- Quando os preços do trigo, do milho, da soja e praticamente de todos os alimentos começaram a subir às alturas há dois anos, os agricultores celebraram. Porém, a maioria sabia que não seria para sempre. Eles já testemunharam inúmeros "booms" que foram seguidos por tempos muito difíceis.
E agora – com a repentina chegada de uma tempestade de granizo sobre as plantações – os tempos difíceis voltaram a assombrar os campos nos Estados Unidos. Na semana passada, o governo norte-americano informou uma queda recorde nos custos de bens e serviços em outubro, porque os comerciantes buscam atrair clientes. Por um lado, os preços baixos interessam os consumidores, por outro , uma deflação prolongada pode desencadear um processo caótico.
Nesta localidade perdida junto à fronteira com o Texas, os agricultores já sentem o gosto de um mundo deflacionário. Eles terminaram o plantio do trigo, deixando os campos com uma coloração verde esmeralda. Entretanto, o custo do bushel é de cerca de US$ 6, computando os gastos com combustível, sementes e fertilizantes. Este valor supera em mais de US$ 1 o valor de venda, sem outras despesas como o arrendamento de terras.
As perdas atuais intensificam o arrependimento daqueles que poderiam ter vendido sua safra colhida em maio, mas não o fizeram. Sabiam que o boom não duraria para sempre, mas também não imaginaram que duraria tão pouco.
"Eu esperei toda a minha vida para que o preço do trigo subisse de US$ 4 para US$ 5", afirmou Jimmy Wayne Kinder, quarta geração de agricultores. "Depois ele alcançou US$ 10 e nós ficamos pasmos, sem saber o que fazer."
Kinder, que cultiva uma área de 5 mil acres ao lado de seu pai, James Kinder Jr., e seu irmão, Kevin, preferiu guardar uma parte do trigo, acreditando que os preços subiram mais. Aconteceu o contrário. "Quando eu me deito à noite na cama, eu sinto vontade de bater em mim mesmo".