Redação (20/02/2009)- Ainda beneficiado pela antecipação de R$ 5 bilhões em créditos pelo Tesouro Nacional, o Banco do Brasil fechou os primeiros sete meses do ciclo 2008/09, iniciado em julho, com desembolsos 31% superiores aos registrados no mesmo período da safra anterior. O banco emprestou ao setor R$ 19,25 bilhões para custeio, investimento e comercialização até janeiro de 2009.
O BB informou que o adiantamento feito pelo governo para suprir a demanda de crédito reprimida pela crise financeira global ajudou sobretudo a garantir mais recursos para a comercialização da nova safra. "Continuamos a cumprir as decisões do governo", resumiu o vice-presidente de Agronegócios do BB, Luís Carlos Guedes Pinto, ao Valor.
Os dados mostram que o BB elevou em 54,4% os empréstimos para a comercialização da safra, cujas aplicações na sustentação de preços somaram R$ 2,47 bilhões. Em janeiro, tradicionalmente menos favorável aos negócios no campo, foram aplicados R$ 170 milhões na comercialização.
Em janeiro, o banco aplicou R$ 940 milhões para o agronegócio. Foram R$ 542 milhões para custeio da safra e R$ 221 milhões para investimento, além dos R$ 170 milhões para comercialização. O resultado teve praticamente o mesmo nível de janeiro de 2008, informou o banco. No total, a carteira de crédito ao agronegócio do banco cresceu 22,8% em 2008, revelou ontem o balanço oficial da instituição. Dono de 62% do mercado de crédito rural, o BB fechou o ano passado com R$ 63,7 bilhões emprestados ao setor.
Nestes primeiros sete meses do ano-safra 2008/09, os desembolsos do BB para a agricultura familiar chegaram a R$ 5 bilhões, um resultado 20% superior aos R$ 3,74 bilhões do ciclo 2007/2008 – foram R$ 3,28 bilhões (+16,4%) para custeio e R$ 1,21 bilhão (+31%) para investimentos. Na chamada agricultura empresarial, o banco aplicou até aqui R$ 14,76 bilhões, ou 34,7% acima dos R$ 10,95 bilhões de 2007/2008. O balanço mostra um avanço de 35,7% no custeio, para R$ 11,1 bilhões; de 0,4% nos investimentos, para R$ 1,17 bilhão; e de 54,5% na comercialização, para R$ 2,47 bilhões.
A atuação do Banco do Brasil continua mais forte na região Sul. Os produtores empresariais e familiares do Paraná lideram o ranking dos maiores desembolsos até janeiro. Em seguida, vêm gaúchos, paulistas, goianos e mato-grossenses.
O balanço dos desembolsos da safra também mostram que o BB teve 74% dos R$ 10,7 bilhões em custeios liberados à chamada agricultura empresarial cobertos por apólices de um seguro rural. "Isso demonstra a boa proteção do banco na carteira rural", disse Guedes Pinto. Ele tem estimulado discussões no governo sobre uma ampla reforma do atual modelo de política agrícola e do sistema de crédito rural. O BB também fez proteção de preços em bolsas e mercado futuros ("hedge") em 11% desses empréstimos, segundo o vice-presidente.