As consecutivas baixas nos preços do suíno vivo e da carne do animal têm aumentado a apreensão do setor suinícola. As fortes quedas nas últimas semanas refletem a suspensão por parte da Rússia da compra de carne suína de alguns frigoríficos do sul do Brasil, estimam agentes colaboradores do Cepea. O volume então provisionado para a exportação continuaria chegando em excesso ao atacado nacional.
As exportações seriam responsáveis sobre a desvalorização do vivo e da carne no mercado nacional. O volume embarcado em um mês comparado com a quantidade ao mesmo mês do ano anterior revelam quedas ao longo dos últimos 12 meses (de fevereiro de 2010 até janeiro de 2011) com uma única exceção em agosto, quando os embarques superaram em 5% os de agosto de 2009. Nesse ano a economia sentia com muito mais intensidade os reflexos da crise financeira internacional que ao longo de 2010.
A explicação para as fortes desvalorizações baseada no aumento da oferta é respaldada também pelo ritmo da economia nacional, que sinaliza um consumo geral aquecido. Em relação à carne bovina, a suína está mais barata. Na primeira semana de fevereiro, o preço médio da carcaça casada bovina no atacado das cidades próximas a São Paulo foi 63% maior que o da carcaça comum suína. Na primeira semana de fevereiro de 2004 a 2010, a vantagem do boi era em média de 14,5%.
Conforme colaboradores do Cepea, muitas indústrias estariam com estoques em níveis relativamente altos, o que as levaria a diminuir as aquisições de animais. Alguns frigoríficos passaram também a negociar a carcaça inteira, ao invés dos cortes, na tentativa de reduzir custos. Com isso, o preço do suíno vivo caiu em praticamente todas as praças acompanhadas pelo Centro no acumulado de fevereiro. Entre 31 de janeiro e 16 de fevereiro, o suíno vivo negociado na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba) desvalorizou expressivos 15,3%, comercializado a R$ 2,27/kg, em média, nessa quarta, 16. No sul do país, as quedas em algumas regiões também foram muito significativas. Em Cascavel (PR) a baixa chegou a 13%, com média de R$ 2 por quilo na quarta.
No mercado atacadista da Grande São Paulo, o preço médio da carcaça especial recuou 10,7% no acumulado deste mês, a R$ 3,80 por quilo na quarta. A carcaça comum desvalorizou 11,6% no mesmo período, comercializada a R$ 3,57 por quilo.