A avicultura brasileira foi marcada, em 2015, pela estabilidade. O volume total de alojamento de matrizes deve superar os 50 milhões, índice bastante próximo ao de 49 milhões, registrado no ano passado. O destaque ficou para os pintos de corte, que tiveram alojamento em torno de 4% superior. Por aqui, comemorou-se a alta dos preços do frango ao consumidor e também a abertura de novas oportunidades por meio das exportações, que cresceram cerca de 5%, ante 2014. Já para 2016, as perspectivas apontam para uma ligeira mudança de cenário.
O setor deve iniciar o ano com aumento nos preços de matérias-primas. Os grãos, que já apresentam elevação de preços desde setembro, não têm perspectiva de baixa até os primeiros seis meses de 2016. Enquanto em 2015 a expectativa era encerrar o ano com consumo de 46 kg per capta de frango no Brasil, para o próximo ano as perspectivas são mais otimistas, caso o volume de alojamentos se mantenha no mesmo patamar.
Diante do cenário de encarecimento de preços de outras proteínas concorrentes do frango, o potencial para aumento do consumo é de 2 kg per capta, alcançando os 48 kg per capta até o final do ano. Este contexto dependerá ainda do desempenho das exportações.
Para o próximo período, a luz amarela se acende para os preços ao consumidor, que talvez não se elevem à mesma proporção dos custos. Isso pode levar ao sacrifício de margens operacionais, contribuindo para o estreitamento dos lucros. Nossa lição de casa será seguir trabalhando com foco em custos.
As exportações foram alavancadas em 2015, em especial no primeiro trimestre do ano, com a disparada do dólar. A expectativa é encerrar o ano com cerca de 5% de crescimento, em comparação com o ano passado, chegando a quase 4,2 milhões de toneladas exportadas, em especial para regiões como Oriente Médio.
O Brasil mantém-se como referência mundial em sanidade avícola, o que vem incentivando a manutenção de exportações e a abertura de novos mercados, como, mais recentemente, a Rússia.
Na área genética, as empresas cada vez mais buscam pacotes de linhagens equilibradas, ao invés de uma única característica em particular, como rendimento ou matriz. Será preciso também continuar investindo em biosseguridade e no modelo de compartimentação, que nos confere um grande diferencial competitivo, principalmente se tivermos algum registro de Influenza Aviária no Brasil, tendo em vista que hoje exportamos mais de 25% de nossa produção.
Temos um dos planteis mais saudáveis do mundo, com elevado grau de biosseguridade, equipes especializadas e um controle rigoroso de nossas aves. Assim, há perspectivas bastante positivas para seguirmos inaugurando novos mercados e consolidando nossa posição de vanguarda no setor avícola mundial.
*Fausto Ferraz é diretor de Negócios da Cobb-Vantress