Os principais fundamentos da cadeia suína brasileira, em 2010, foram moderado crescimento da produção, forte expansão da demanda interna, valorização do real, elevação dos preços nos mercados interno e externo, aumento da concorrência internacional e menor oferta de carne bovina no mercado doméstico.
Produção
A produção, em 2010, cresceu 1,5 % em relação a 2009, passando de 3,19 milhões de toneladas para 3,24 milhões de toneladas. Esse crescimento foi sustentado pelo aumento de 3,5% no peso médio do abate sob Inspeção Federal – SIF. Em cabeças, a oferta para abate se manteve estável, ao redor de 34 milhões. O plantel de matrizes também ficou estável, ao redor de 2,45 milhões de cabeças. O modesto aumento, em 2010, teve como principal componente o baixo nível de investimentos em 2009.
Mercado interno
A oferta de suínos para abate, em 2010, aumentou 1,8 %, passando de 33,8 milhões de cabeças para 34,4 milhões. No período, os abates sob Inspeção Federal, ao atingirem 28,8 milhões de cabeças, cresceram 2,5 % em relação a 2009, e os abates sob outras certificações mantiveram-se em decréscimo. Mais de 83% da oferta foi absorvida pelo mercado interno.
A disponibilidade interna cresceu perto de 4 %, permanecendo abaixo do potencial de consumo, estimado em 15 kg por habitante ano. Diante do potencial do consumo interno, os estoques, neste final de ano, estão muito baixos.
O ano de 2010 caracterizou-se pelos baixos estoques, forte procura pelo produto e preços em alta. Tal situação também foi influenciada por menor oferta de carne bovina.
Mercado externo
A crise financeira de 2008/2009 continuou a afetar os volumes e os preços das exportações, em 2010. A boa evolução dos preços, 23,3% superiores aos praticados em 2009, ainda ficou aquém dos preços obtidos no período de janeiro a outubro de 2008, que antecedeu a crise.
Outro fator importante para o menor volume exportado foi a forte valorização do real, que contribuiu para as exportações brasileiras perderem competitividade em relação aos principais concorrentes: Estados Unidos e alguns países da União Europeia.
A Rússia, principal mercado, teve sua moeda fortemente desvalorizada, o que contribuiu para a melhora da competitividade dos Estados Unidos e da Europa naquele mercado. Além disso, a desvalorização do dólar fez com que os custos de produção nos Estados Unidos ficassem semelhantes aos do Brasil.
Como em quase todos os setores da economia brasileira, o mercado interno, em 2010, esteve muito mais atrativo do que o externo. Diante dessa situação, os exportadores puderam exercer opção por não vender aos preços que os importadores ofereciam, preferindo melhor remunerar seus produtos no mercado doméstico.
Perspectivas para 2011
Até o momento, não há sinalização de uma mudança significativa do atual quadro, pois a oferta tende a continuar ajustada à demanda. Os mesmos fundamentos que influenciaram 2010 estarão presentes em 2011. A única diferença serão os custos, que deverão estar mais altos por conta do encarecimento dos preços dos grãos. Esse fator tende a diminuir as margens do setor.
A abertura do mercado norte-americano às exportações de Santa Catarina é um importante aval para as negociações que continuarão em 2011, sobretudo com os demais membros do Nafta (Canadá e México), com países centro-americanos, com Japão, Coreia do Sul, União Europeia e China.