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Aversão de bancos a riscos ainda trava crédito rural

<p>A crise global também teve reflexos no volume de financiamentos a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional.</p>

Redação (21/11/2008)- A aversão ao risco de crédito derivada da crise financeira levou os bancos nacionais a reduzir em 9,8% os empréstimos a taxas de juros livres ao setor rural no primeiro quadrimestre da safra 2008/09. A crise global também teve reflexos no volume de financiamentos a juros subsidiados pelo Tesouro Nacional, que recuaram 21,5% no período, apontam dados do Banco Central informados pelas próprias instituições financeiras. 

O impacto da crise de crédito nessas linhas custou ao setor a "perda" de R$ 2,8 bilhões em recursos a juros subsidiados da parcela de aplicação obrigatória no rural (exigibilidades). Em outubro, o governo elevou de 25% para 30% as exigibilidades sobre depósitos à vista e de 65% para 70% sobre a caderneta de poupança. O objetivo era aumentar a oferta de dinheiro ao setor, mas os efeitos foram, até agora, limitados. 

Os dados mostram que o volume de recursos para custeio e comercialização emprestados ao setor aumentou apenas 1,5% nos primeiros quatro meses da atual safra. O total emprestado passou de R$ 19,07 bilhões para R$ 19,36 bilhões. É um resultado enganoso, porque o ritmo de desembolsos caiu 10,2% no mesmo período – de 38,8%, em 2007, para 35,2% este ano. Ou seja, mesmo com o aumento da demanda de crédito para ampliação das lavouras, e para compensação da saída de tradings e agroindústrias do financiamento do setor, houve injeção adicional de apenas R$ 294 milhões nos financiamentos de custeio e comercialização ao produtor. "Não queremos dinheiro novo para o setor. Queremos apenas que o governo libere o orçamento do Plano de Safra", disse a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO). 
O ritmo de desembolso dos empréstimos a partir das exigibilidades sobre depósitos à vista recuou 34,8% de julho a outubro deste ano na comparação com o mesmo período de 2007/08. Foram emprestados R$ 2,6 bilhões a menos. Uma explicação está na redução dos depósitos à vista desde o fim da CPMF, o que facilitou a alocação do dinheiro das contas correntes em aplicações de curtíssimo prazo. 

Por outro lado, parecem ter surtido efeito as pressões sobre o Banco do Brasil por ampliação do crédito rural. Os financiamentos a partir da poupança rural, cujo maior operador é o BB, dobraram no período, passando de R$ 2,83 bilhões, em 2007, para R$ 5,77 bilhões este ano. No início de outubro, o governo antecipou R$ 5 bilhões ao banco para empréstimos ao setor rural. 

Mesmo sob o efeito da crise global, e da necessidade de dinheiro em caixa, os produtores avançaram na contratação de crédito em programas de investimento. No geral, o setor contratou 49,5% mais recursos para financiar máquinas, equipamentos e infra-estrutura. Do orçamento de R$ 10 bilhões, foram emprestados R$ 3,03 bilhões até outubro – em 2007, foram R$ 2,02 bilhões. As linhas com maior demanda foram Moderinfra (construção de armazéns), Prodecoop (investimento de cooperativas) e Moderagro (conservação de solos e recuperação de pastos). Os produtores vêm sofrendo ações extra-judiciais para retomada de máquinas e equipamentos financiados cuja parcela deste ano não foram pagas em dia. Os bancos de fábrica começaram a executar as primeiras ações contra produtores de Mato Grosso.