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Avicultura abaterá matrizes para evitar bomba-relógio

Sem a redução na criação de reprodutoras ou o descarte mais cedo dessas aves, pode haver o risco de a produção crescer mais do que o necessário neste ano.

Redação (05/02/2009)- Depois de implementar um programa de redução no alojamento de pintinhos que ainda precisa de mais ajustes num momento de queda na demanda por carne de frango, a indústria de aves do Brasil quer acentuar o descarte de matrizes (reprodutoras), em um segundo movimento para adequar a produção à crise.

"Agora a preocupação nossa é com o alojamento de matrizes. Estamos com previsão de aumento de 6 por cento na produção de matrizes para 2009. Isso significa que estamos com uma bomba-relógio armada para agosto, setembro…", afirmou o presidente da UBA (União Brasileira de Avicultura), Ariel Mendes.

Sem a redução na criação de reprodutoras ou o descarte mais cedo dessas aves, pode haver o risco de a produção crescer mais do que o necessário neste ano.

"Temos de fazer um programa para ajustar a oferta à demanda, não adianta produzir frango se não tem para quem vender", acrescentou ele em entrevista à Reuters, na noite de terça-feira, antes de uma reunião na sede da UBA nesta quarta-feira para discutir o assunto.

Para janeiro, a expectativa da UBA é que já tenha ocorrido uma redução nas matrizes, para 3,7 milhões de unidades, ante 4 milhões em meses anteriores.

De acordo com Mendes, o momento é de precaução, porque ainda não é possível saber como os mercados externo e interno vão se comportar em 2009.

"Embora o frango seja um alimento, mercadoria menos afetada na crise, o que temos recomendado é cautela, e também porque as empresas estão com problema de caixa, de capital de giro", observou.

Na terça-feira, a Perdigão, uma das mais importantes empresas do setor, detalhou seu plano de reduzir a produção nos primeiros meses do ano, conforme anunciado no final de 2008, dando férias coletivas em duas unidades de aves no Rio Grande do Sul.
 
Em meio à crise, segundo Mendes, o setor cumpriu até o momento apenas parcialmente a meta de redução no alojamento de pintinhos. A avicultura brasileira quer reduzir em torno de 20 por cento a criação dessas aves, para algo próximo de 400 milhões de unidades, na comparação com as 496 milhões criadas em outubro.

"A gente espera chegar em fevereiro em pelo menos 420, para chegar na meta de 400, 410 em março."

Em dezembro, a redução no alojamento de pintinhos foi de 13 por cento ante outubro. "Isso já deu uma enxugada no mercado. Demos uma ajustada porque normalmente os três primeiros meses são de consumo mais baixo… Mas neste ano tivemos de ser mais drásticos, por conta da redução na exportação", observou.

1º TRI MAIS LENTO

O Brasil, maior exportador mundial de frangos, embarcou ao exterior 244,5 mil toneladas in natura em janeiro, volume praticamente estável ante o mesmo mês do ano passado, mas bem abaixo das mais de 300 mil nos melhores meses do ano passado.

Como para o primeiro trimestre, pelo menos, as exportações estão previstas entre 250 e 270 mil toneladas, a UBA busca a redução na oferta para evitar queda nos preços domésticos, pois o produto que não é exportado acaba tendo como destino o mercado interno, que responde por 70 da demanda da produção nacional.

"Qualquer problema (na exportação) acaba se refletindo no mercado interno", disse ele, lembrando que até agora só não ocorreram quedas nos preços por causa dos ajustes feitos pelo setor e também pelo fato de a carne bovina estar cara.

Os exportadores de carne de frango preveem uma melhora nas exportações no segundo semestre, o que permitiria ao setor obter um crescimento de 5 por cento ante 2008, "o que já seria muito bom", destacou Mendes.