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Economia

Avicultura do PR desacelera, mas continua crescendo conclui Expedição Avicultura

Sistema de integração e qualidade de gestão devem manter o estado na liderança de produção e exportação mesmo perante a crise.

Avicultura do PR desacelera, mas continua crescendo conclui Expedição Avicultura

Com o objetivo de mapear o setor avícola brasileiro, a Expedição Avicultura percorreu mais de cinco mil quilômetros nas últimas semanas e visitou os principais polos produtivos do Paraná, maior produtor e exportador de frangos do país. O levantamento, realizado na mesma época em que o setor enfrenta uma crise provocada pela alta nos insumos, está em fase de conclusão. Porém, o que a Expedição encontrou em campo foram indústrias bem organizadas e preparadas para a turbulência econômica.

 “O sistema de integração e empresas bem geridas diminuíram o impacto da crise no estado. O modelo de gestão dessas indústrias é de alto nível, são verdadeiros cases de sucesso”, explica a analista de mercado do Agronegócio Gazeta do Povo, Luana Gomes.

Entre os casos que chamaram a atenção da equipe está a Cooperativa Agrícola Consolata, a Copacol. Somente o abatedouro da empresa emprega quase 2.500 funcionários, enquanto no campo integra mais de 800 avicultores. Mesmo com a crise batendo a porta do setor, a Copacol mantém os investimentos e no começo do ano que vem e inaugura uma nova planta em Ubiratã que deve dobrar a capacidade de produção. A unidade nova deve abater 300 mil aves/dia até 2016 quando operar com plena capacidade.

O plano estratégico não fica restrito ao frigorífico, engloba ainda a ampliação do incubatório e do matrizeiro, além das áereas de suínos, leite e processamento de grãos. Segundo o presidente da Copacol, Valter Pitol, o plano que foi batizado de GPS – Geração de renda, Produtividade e Sustentabilidade, prevê a aplicação de R$ 470 milhões entre 2008 e 2012.

O veterinário Fabrício Monteiro, técnico que acompanhou a Expedição Avicultura, revela que ficou impressionado com o gerenciamento das empresas e conta que o planejamento a longo prazo foi o que preparou o setor para enfrentar a crise.  “Esse momento de crise será decisivo para algumas empresas. O impacto será muito grande, pois os custos ficarão altos por um bom tempo. Portanto aquelas empresas que trabalham com um planejamento mais detalhado e de longo prazo sofrerão menos”, afirma.

Outras empresas também estão investindo no setor. Em Mandaguari, por exemplo, será inaugurada em breve a Cocari, que terá capacidade para abater 350 mil aves/dia, resultado de um investimento de R$ 88 milhões no negócio. O Grupo GTFoods, criado no final do ano passado pela indústria avícola Frangos Canção, também prevê investimentos. Serão aplicados R$ 15 milhões na unidade de Maringá e outros R$ 5 milhões na fábrica de Terra Boa.

Na análise de Luana Gomes, os investimentos não estão embalados apenas pelos índices de crescimento registrados até o ano passado, quando o mercado avícola paranaense crescia no chamado ritmo chinês, perto de 10% ao ano, mas são resultado de estratégias bem pensadas. “Os investimentos foram planejados e estruturados em longo prazo. Os gestores dessas empresas pensam no futuro. Além disso, muitos encaram a crise como uma janela de oportunidades”, avalia.

Crise

Ao mesmo tempo, a Expedição também encontrou exemplos de indústrias com dificuldades sérias por causa da crise. Algumas unidades já estão reduzindo turnos e jornadas de trabalho, outras cogitam a adoção de férias coletivas no final do ano. “A avicultura gera muitos empregos no Paraná, mas a crise não deve gerar demissões em massa por causa da organização do setor. Porém, indústrias e produtores precisam de apoio do governo”, alerta a analista.

Para a equipe da Expedição Safra, a crise dos grãos causada pelo aumento dos preços de milho e de soja, que são os principais insumos para o setor e compõem a base da alimentação dos frangos, representando 70% dos custos de produção do setor avícola, ainda não é a pior entrave enfrentado pelos avicultores. Segundo Luana, a dificuldade de acesso ao crédito, desencadeada pela crise de 2008, ainda é um dos maiores desafios. Muitas empresas estão usando o capital de giro para pagar financiamentos antigos. “O mercado de grãos se autorregula, depende da lei da oferta e demanda. Mas os financiamentos são essenciais para toda a cadeia se manter. O governo precisa estudar formas de fazer o dinheiro voltar a girar para que haja novos investimentos”, enfatiza.

Apesar de o cenário atual preocupar, o segundo semestre deve ser estável. No acumulado do ano, o setor avícola paranaense deve crescer na média do PIB nacional. 

Desafios

Na avaliação da Expedição Avicultura, o grande desafio para a avicultura paranaense é a logística. Em comparação com o sistema de escoamento americano, o setor ainda deixa muito a desejar. Luana explica que os Estados Unidos conseguem colocar os produtos no mercado com um custo muito menor, o que diminui a competitividade brasileira no mercado internacional. “A armazenagem de produtos e as estradas são alguns dos obstáculos para o crescimento agronegócio”, avalia.

Em contrapartida, a iniciativa privada começa a se movimentar e buscar soluções para os gargalos do setor. Um bom exemplo são as construções de centro de armazenagens de cooperativas e grupos de indústrias. Em Apucarana, a Unifrango – holding que congrega 17 empresas avícolas – já está finalizando as obras do seu Centro de Armazenagem e Distribuição com capacidade para armazenar 25 mil toneladas de produtos congelados.

Em Cascavel, a Cotriguaçu, cooperativa que reúnes as empresas Coopavel, C.Vale, Lar e Copacol, já se prepara para ter seu próprio complexo logístico de carga, descarga e armazenamento de produtos frigorificados e congelados. Com um investimento de R$ 50 milhões e obras que devem durar 18 meses, o projeto prevê a construção de câmeras frias, pátio de estacionamento e um desvio ferroviário no terminal da Ferroeste. 

Sobre a Expedição Avicultura

A Expedição Avicultura é um projeto do Agronegócio Gazeta do Povo, que detém o know-how e a capilaridade da Expedição Safra, realizada da há seis temporadas, com oferecimento do Grupo Unifrango e apoio técnico do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindivipar).

A equipe visitará os principais polos avícolas do Paraná, o maior produtor e exportador de carne de frango do país. O levantamento técnico-jornalístico irá mapear a atividade e debater todas as variáveis que influenciam o setor, desde a produção, passando pelo abate até a exportação. Além de números do segmento avícola, o projeto vai discutir tecnologia, manejo, genética e competitividade e traçar um diagnóstico das tendências para o setor nos próximos 10 anos.

A cobertura completa da Expedição Avicultura pode ser acompanhada pelo site www.expedicaoavicultura.com.br. Na página são publicados todos os textos produzidos pela equipe técnico-jornalística que está em campo, além da cobertura fotográfica, slides show e vídeos.