Com perdas superiores a R$ 2 bilhões ao ano, com custos logísticos, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) preparou um estudo para apresentar ao Ministério da Agricultura sobre esses gargalos do setor. A ideia do estudo é tentar reduzir esses custos em pelo menos 2% em curto prazo, para devolver a competitividade à avicultura brasileira.
A receita com as exportações de aves deve atingir a casa dos US$ 8 bilhões esse ano, prevê a Ubabef, entretanto mais de US$ 1 bilhão remete somente a gastos logísticos. Além disso, Francisco Turra, presidente da entidade, lembrou que dos R$ 36 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB) arrecadados pela avicultura, mais de 10% representa gastos com logística. “Hoje a avicultura possui custos na ordem dos 20% do PIB obtido. Muito mais da metade é só com a logística, e isso tira a competitividade do nosso setor”.
Para tentar reduzir esses gastos com o transporte, a Ubabef pretende apresentar um estudo ao Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, apontando os principais entraves da infraestrutura logística do País. “Nós levamos quase um ano para levantar esse estudo, que possui 63 aspectos a serem alterados para minimizar esses gargalos”, disse Turra.
No documento serão apresentadas 23 propostas relacionadas ao sistema portuário do País, que vão desde o aprofundamento de calados até a maior agilidade nos processos de desembaraço. Outras 15 sugestões voltados às ferrovias, com a padronização da largura das bitolas, até a expansão da malha de trilhos. “Iremos apresentar propostas para adequação da infraestrutura logística, que podem ser resolvidas a curto, médio e longo prazo”, contou o diretor financeiro e administrativo da Ubabef, José Perboyre Ferreira Gomes.
O executivo afirmou que o documento ainda contém 16 proposições para rodovias, entre elas a redução dos valores pagos a pedágios, e a melhoria do acesso a diversos portos brasileiros. Por fim outras nove propostas serão apresentadas para a racionalização de processos. “Só o fato de agilizar alguns processos, como a ampliação da carga horária nos portos, ou mesmo estabelecer padrões objetivos de interpretação das normas, reduziriam as perdas”, disse Turra.
“Nossa meta é uma redução de 2% sobre o custo atual que temos em logística no curto prazo. Estamos fazendo isso para melhorar a competitividade da avicultura nacional”, considerou o presidente da Ubabef, ao relembrar que o transporte de carga no Brasil é realizado em sua maioria por rodovias. “De toda carga transportada no País, 65% são por rodovias; 19%, por ferrovias; 12%, pelo sistema hidroviário; 4%, por dutovias e menos de 1% por meio aéreo”, acrescentou.
Por fim, Turra comentou que somente a racionalização dos processos pode ser realizada a curto prazo. Entretanto, projetos de ampliação, construção e modernização de ferrovias e rodovias, que levariam mais tempo para serem realizadas, precisam constar nos planos do governo brasileiro. “Estamos apenas levantando essa bola, com a demanda por alimentos esperada nos próximos anos, temos que pensar nisso agora”, finalizou.
Suínos
Enquanto a avicultura se prepara para enfrentar os altos custos do transporte, a suinocultura brasileira continua enfrentando as barreiras sanitárias impostas pelos importadores. Só que desta vez não se trata da Rússia, o problema é com o governo sul-africano, que desde 2005 veta o embarque de carne suína brasileira ao país. A expectativa era de que barreira fosse derrubada ontem, no encontro dos presidentes Dilma Rousseff e Jacob Zuma, na Casa de Hóspedes do governo sul-africano, em Pretória. Mas o ministro afirmou que o caso ainda dependerá de missão, que acontecerá no dia 24 de outubro, de funcionários do Ministério da Agricultura da África do Sul, ao Brasil, para uma última inspeção.