Redação (07/07/06) – As exportações brasileiras de de carne de frango ainda não começaram a se recuperar e ainda há dificuldade de escoamento de estoques no mercado doméstico em função da oferta elevada, mas o setor já voltou a ampliar a produção. Em maio, o alojamento de pintos de corte somou 376,4 milhões de cabeças no país, 4,5% a menos que em igual mês de 2005. Na comparação com abril deste ano – quando foram alojadas 333 milhões de unidades – , porém, houve um aumento de 13%, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco). A retomada na produção acontece após dois meses de queda no alojamento, situação que foi precipitada pela redução nas exportações de carne de frango em função do temor da gripe aviária em países importadores. Em fevereiro passado, o alojamento havia sido de 353,9 milhões de cabeças, caiu para 340,8 milhões em março e para 333 milhões em abril deste ano. Em maio voltou a subir. “O produtor julgou que a redução de março e abril foi suficiente, então retomou a produção. (…) Ele voltou rápido, acho que seriam necessários mais três a quatro meses”, opinou José Carlos Godoy, secretário-executivo da Apinco. Além da expectativa de retomada nas vendas externas no segundo semestre, outra razão para retomar a produção é que o setor vinha trabalhando com capacidade ociosa. “A ociosidade chegou a 15%. (…) O setor não aguenta isso por muito tempo”, afirmou Godoy. Segundo ele, a capacidade de alojamento da avicultura é 413 milhões de pintos de corte por mês. A recuperação das vendas externas, porém, ainda não começou, mas a expectativa dos exportadores é de normalização do consumo nos países importadores no próximo semestre. Até maio, contudo, os volumes recuaram 5,52%, para 1,046 milhão de toneladas, e a receita com as vendas subiu 0,93%, para US$ 1,236 bilhão. Já a produção brasileira de carne de frango em maio passado (referente aos pintos alojados entre março e abril) caiu 7,41% sobre igual mês de 2005, para 707.114 toneladas. Em relação a abril deste ano, a queda é de 0,23%. Mas no acumulado até maio, a produção soma 3,843 milhões de toneladas, alta de 4,87% sobre o mesmo intervalo de 2005. Como as exportações caíram 5,52% no período, a disponibilidade no mercado doméstico aumentou 10%, para 2,843 milhões de toneladas de carne. Diante desses números vultosos, o secretário da Apinco admite que independentemente do efeito da gripe aviária – que derrubou os embarques – , haveria uma crise na avicultura brasileira por causa da oferta elevada. Ele observou ainda que a maior disponibilidade interna de carne de frango por causa da exportação menor não é garantia de aumento no consumo per capita do produto pelo brasileiro.
Considerando a disponibilidade doméstica em maio, de 511 mil toneladas, o consumo aparente anualizado é equivalente a 34 quilos per capita. Chegou a 35,76 quilos no ano passado, mas graças ao recuo nas vendas externas no fim de 2005. Em 2004, havia sido de 32,95 quilos. Segundo Godoy, ainda há frango em estoques para ser escoado no mercado interno, decorrente da queda das exportações e da oferta elevada. Um indicador desse quadro são os preços do frango vivo no mercado paulista, que caíram de R$ 1,20 o quilo no dia 20 deste mês para R$ 1,05 atualmente, segundo a Jox Assessoria Agropecuária.