Quarto maior exportador de carne suína no mundo, o Brasil está investindo na ampliação da participação no mercado internacional. A Bahia, que ainda é um estado importador – cerca de 75% da carne consumida no estado vêm de outras regiões do País – já tem garantidos investimentos de R$ 1 milhão para os próximos três anos. Trata-se do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), iniciado no estado no mês passado, que traz a oportunidade de o Estado conquistar o seu espaço no mercado brasileiro.
A desmistificação relacionada à criação dos animais e ao consumo da carne é a primeira meta do projeto, que, com isso, prevê um aumento de 2 kg do consumo de carne suína por pessoa anualmente no Brasil, passando de 13 para 15 kg até 2013. “Nós queremos que as empresas regionais tenham um padrão de qualidade e tecnológico porque existe um preconceito em todo o Brasil com relação aos procedimentos da carne suína, mas muito mais intensificado no Norte e Nordeste. Hoje, mesmo os pequenos produtores já estão tendo acesso a tecnologia, vacinas, veterinários, técnicos. Não existem riscos de doenças”, diz o presidente da Associação Baiana de Suinocultores (ABS), Marcelo Plácido.
Mais um estímulo para impulsionar a produção no estado, assim como em todo o país, foi dado na semana passada pela presidente Dilma Rousseff no acordo fechado com a China para exportar até o final do ano 480 mil toneladas da carne ao país asiático, que é o maior consumidor mundial do produto.
Para Célia Fernandes, supervisora da Unidade de Agroindústria do Sebrae, que apoia o projeto baiano, as maiores demandas na profissionalização de trabalhadores da área de suinocultura no estado estão, dentre outros, na produção e manejo de suínos nas granjas, realização de cursos de defumados e embutidos e em tecnologia de cortes para suínos, além de cultura da cooperação para os produtores.
Defumados – Até o final do ano, o projeto pretende formar 15 multiplicadores para trabalhar no treinamento de profissionais de açougues, promovendo o conhecimento da manipulação dos embutidos e derivados, além dos cortes específicos para a carne suína. “O objetivo é treiná-los para evitar o desperdício e criar know-how no aproveitamento das carnes nobres. Vamos também treinar profissionais que já trabalham na criação dos suínos, vamos transmitir o conhecimento de uma criação saudável, sustentável”, explica Francisco Benjamim, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). A perspectiva de crescimento da suinocultura na Bahia é recebida com expectativas positivas por produtores como Balbino Santana, criador e sócio de um frigorífico de salgados e defumados derivados do porco. Mais de 80% da produção do frigorífico abastecem Salvador. “Acreditamos que boa parte do consumo hoje é de produtos do porco industrializados”.