O bom andamento da colheita de soja e as perspectivas de novo recorde na segunda safra de milho nesta temporada 2012/13 continuam a pressionar as cotações dos grãos mais produzidos no país no mercado doméstico – o que pode diminuir a pressão dos alimentos sobre os índices inflacionários, mas preocupa agricultores e exportadores.
Em Mato Grosso, que lidera tanto a produção da oleaginosa no verão quanto a do cereal na chamada “safrinha”, o volume de soja negociado até agora em abril saiu, em média, por R$ 42 a saca de 60 quilos, menor patamar desde março de 2012, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Para os produtores do Estado, o alento é que apenas 7,7% da colheita recorde esperada (23,6 milhões de toneladas) foi vendida neste mês, já que o ritmo de negociações antecipadas, a preços mais elevados, foi mais uma vez forte no ciclo.
Paralelamente, o indicador Cepea/Esalq para a saca negociada em Paranaguá (município paranaense onde está um dos portos exportadores de grãos mais importantes do país) já acumula queda de 3,65% neste mês. Ontem, o índice retrocedeu mais 0,1%, para R$ 59,74.
No caso do milho, a média de preços em Mato Grosso caiu para 16,87 na semana passada, 13% menos que na mesma época do ano passado. A curva descendente vem sendo desenhada desde fevereiro, em um movimento até certo ponto normal em períodos que antecedem a colheita da safrinha, mas mais agudo agora.
Conforme o Imea, o Estado deverá colher 14,6 milhões de toneladas de milho na “safrinha”, volume próximo do recorde de 2012 (15,6 milhões de toneladas), que fez do Brasil um dos maiores exportadores do cereal, “atrapalhando” as vendas do líder nesse ranking, os EUA.
Esse fator ainda exerce, como nos últimos meses, alguma pressão sobre as cotações na bolsa de Chicago. Uma acomodação das cotações do cereal – e também dos preços soja – segue em curso, mas agora influenciada pelo cenário positivo para a produção americana na safra que está em fase de plantio (2013/14).
As fortes chuvas sobre o Meio-Oeste dos EUA, que impediram a evolução do plantio do milho e ajudaram a sustentar os preços na semana passada, deixaram de ser vistas como um problema pelo mercado depois que meteorologia apontou condições mais favoráveis a partir da semana que vem.
Ontem, em Chicago, os contratos de milho para julho fecharam em baixa de 1,5%, a US$ 6,14 por bushel. O mesmo vencimento da soja caiu 0,4%, para US$ 13,5850 por bushel.
Em razão dos fundamentos positivos para a produção e da valorização do dólar em relação a outras moedas, soja e milho ajudaram a derrubar o índice Dow Jones-UBS AG (que monitora os futuros de grãos, açúcar, algodão, café e cacau nas bolsas de Chicago e Nova York), que fechou ontem no menor nível desde 18 de junho de 2012.