O leilão de 50 mil toneladas de milho de estoques públicos agendado para quinta-feira em Mato Grosso poderá sofrer novamente com baixo interesse por alguns lotes devido a um detalhe burocrático que deixa de fora uma boa parcela de possíveis compradores, disseram corretores envolvidos diretamente no certame.
As regras do próximo leilão repetem uma cláusula que constou também nas duas últimas ofertas, dando acesso às compras apenas para empresas e produtores que tenham a criação de aves ou de suínos como atividade principal em seus registros fiscais.
Segundo empresas que intermediam a participação nos leilões, isso acaba barrando diversos compradores que estejam ligados à produção de aves e suínos, mas com uma descrição diversa em seu CNPJ. Isso é um dos fatores que impede a venda total dos lotes apesar de preços, em geral, mais baixos do que os do mercado.
“Toda a área de confinamento de bovinos ficou de fora. Ficou de fora a criação de peixes e o fabricante de ração destinada a aves e suínos. São segmentos que usam muito milho e ficaram de fora. Isso é um grande entrave”, disse o proprietário da corretora Rural Norte, de Sinop (MT), Luiz Anacleto, que atua nos leilões da Conab operacionalizando a compra de milho para clientes.
Segundo ele, nos dois últimos leilões, de agosto, houve apenas 30 por cento de clientes participando na comparação com certames realizados no primeiro semestre, quando não havia essa restrição.
“Não conseguimos participar em nenhum leilão dessa série”, disse um analista de uma grande corretora do Sul do país, referindo-se aos leilões de agosto. “Tivemos interesse apenas no primeiro leilão, depois ninguém quis participar.”
Segundo o corretor, que pediu para não ser identificado, ele teria clientes com demanda para compras, mas que são produtores de grãos que têm atividade de criação de animais em seu cadastro secundário.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ofertou 50 mil toneladas de milho em um leilão em 9 de agosto, mas 68 por cento do volume não foi vendido. Em nova oferta em 23 de agosto, 52,4 por cento das 50 mil toneladas de milho ofertadas em Mato Grosso não tiveram interessados.