Redação (29/09/2008) – Ainda que enfrente atualmente restrições em um segmento importante como o de carne bovina, o Brasil tem potencial para seguir competitivo no mercado europeu, ampliando suas exportações de alimentos e bebidas para os países do continente. Essa é a conclusão de Maria Paula Sobral Velloso e Sophia Costa, respectivamente, gestora de projetos e assistente técnica da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex).
O estudo sobre as "Oportunidades para Alimentos e Bebidas na União Européia", elaborado pela Unidade de Inteligência Comercial da Apex-Brasil, da qual fazem parte, mostra que, no ano passado, as exportações brasileiras de alimentos e bebidas para a UE alcançaram US$ 14,3 bilhões, um aumento de 34% em comparação com 2006. Naquele ano, os principais destinos dos produtos brasileiros foram os Países Baixos, Alemanha e Espanha, que corresponderam a 53% do total.
O estudo, que foca a Europa por conta do Salão Internacional de Alimentação (Sial), que será realizado em outubro em Paris, destaca também o avanço das vendas brasileiras para o Leste Europeu, sobretudo à Rússia. Em 2007, o mercado russo importou US$ 3,2 bilhões em alimentos e bebidas brasileiros.
Maria Paula e Sophia apontam como fatores que podem favorecer as exportações brasileiras o aumento da renda e da qualidade de vida, a globalização e a exposição a uma variedade maior de alimentos e bebidas e a forte penetração das grandes redes varejistas. Outra tendência vista é a preocupação com a saúde, afirmam as autoras do estudo, o que abriria espaço para o aumento da venda de carnes brancas e de produtos orgânicos.
Para continuar ampliando as vendas, a recomendação da Apex é que as empresas brasileiras inovem, agreguem valor e busquem nichos específicos.
Mesmo com as vendas de carne bovina brasileira para a UE – onde aumentam as preocupações ambientais e de sanidade – limitadas neste ano, o estudo destaca o aumento das vendas do produto para a Rússia, que comprou 91% mais em valor, entre janeiro e agosto deste ano. Essa alta decorreu, segundo Maria Paula, da valorização dos preços internacionais por conta da menor oferta de produto.
Entre 2002 e 2007, a taxa de crescimento médio anual das importações de carne bovina brasileira pela Rússia foi de 84%. No segmento de aves, as vendas brasileiras alcançaram US$ 5 bilhões em 2007, 45% mais que no anterior. De acordo com Sophia Costa, há potencial para elevar as vendas de frango para a Europa por conta da tendência de hábitos alimentares mais saudáveis.
No caso de frutas e processados de frutas, as exportações brasileiras totalizaram US$ 3,3 bilhões em 2007, um crescimento de 45% em relação ao ano anterior e 125% acima de 2002. Desse valor, foram 28% em frutas e 78% em sucos de frutas. Conforme o estudo, em 2007, a União Européia foi o destino de aproximadamente 64% do total exportado pelo Brasil de sucos de frutas.
Sophia Costa observa que a preocupação com a saúde e o bem-estar também favorece o consumo de produtos orgânicos. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações mensais de produtos orgânicos do Brasil, de agosto de 2006 a maio de 2008, somaram US$ 22,4 milhões em todo o período. E os principais destinos na Europa foram Holanda, Suécia, Reino Unido, França e Dinamarca.
Mesmo perdendo participação em alguns mercados para o seu concorrente Vietnã, o Brasil tem espaço para elevar as vendas de café na Europa, segundo Maria Paula, principalmente dos cafés com mais qualidade. No ano passado, segundo o estudo, as exportações totais do Brasil (café verde e processado) somaram US$ 3,9 bilhões, um aumento de 15,7% em relação a 2006.
Também em produtos menos tradicionais na pauta de exportação brasileira, como vinhos e vermutes, o avanço salta aos olhos. Em comparação com 2006, as vendas externas totais brasileiras subiram 31%, para US$ 9,8 milhões. Em relação ao desempenho de 2002, o avanço foi de 288%.
"A Europa é um mercado de mais difícil acesso, mas as vendas vêm aumentando nos últimos cinco anos", diz Maria Paula. Em 2007, de acordo com o levantamento, os principais destinos das exportações brasileiras desses itens na União Européia foram Países Baixos, Alemanha, República Tcheca e Portugal.
Outro segmento com potencial positivo – apesar de ainda pequeno – é o de chocolates, balas e confeitos. Em 2007, as vendas externas totais do Brasil foram de US$ 297,9 milhões (2,1% menores que em 2006). Como o mercado europeu é bastante competitivo, Sophia defende que as empresas brasileiras do setor recorram à diferenciação, como o uso de castanhas típicas no chocolate, para vender mais à Europa. Segundo o estudo, a União Européia Ocidental é a região que mais consome chocolates, balas e confeitos no mundo. Em 2007, consumiu 3,8 milhões de toneladas desses produtos, ou 28% do total consumido no mundo. A Espanha é onde mais cresce esse consumo e também onde o produto brasileiro ganha espaço. Segundo a Apex, as exportações brasileiras atingiram US$ 1,75 milhão, 42% mais que em 2006 e 763% maior que em 2002.
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