Prato tradicional da culinária mineira, a canjiquinha com costelinha está mais salgada neste outono e a previsão é de que piore no inverno. O preço da costelinha de porco – protagonista da iguaria – subiu 14,54% nos açougues de Belo Horizonte e Região Metropolitana entre janeiro e abril deste ano.
A constatação é de um levantamento realizado pelo site Mercado Mineiro em parceria com o aplicativo Com Oferta.
Divulgada nesta segunda-feira (3/5), a pesquisa tomou preços de 38 estabelecimentos de 28 a 30 de abril. Nos últimos quatro meses, o preço médio do quilo da costelinha subiu de R$ 21,16 para R$ 24,24.
Má notícia também para os amantes da feijoada: os pertences do feijão preto também aumentaram. É o caso do pezinho suíno, que foi de R$ 10,81 para R$ 12,29 o quilo (alta de 13,68%); do toucinho, que variou R$ 10,60 para R$ 11,58 (diferença de 9,20%); e do pernil com osso, que custava R$ 17,18 e agora é vendido a R$ 18,09 (escalada de 5,29%).
O churrasco está longe de ser a opção mais viável, já que a carne bovina, além de mais cara, não escapou dos aumentos neste primeiro quadrimestre. O valor médio da maminha aumentou de R$ 38,73 para R$ 41,37, isto é, 6.82%.
O patinho passou de R$ 35,97 para R$ 37,80, elevação de 5,08%. O lagarto é encontrado a R$ 37,87, encarecimento de 5%. Quem opta pelas peças para cozinhar vai se assustar com o custo do quilo do acém: R$ 31,24, contra R$ 29,60 em janeiro, alta de 5,53%.
“Vai piorar”
O economista explica que as carnes – sobretudo a suína – são fortemente pressionadas pela valorização do dólar, vendido a R$ 5,41 nesta segunda-feira (3/5), e pelo aumento das exportações para a China.
Dados da Comex Stat, sistema de monitoramento do Ministério da Economia, mostram que o país asiático foi o principal comprador de proteínas brasileiras em 2020.
O frango, como de costume, é a alternativa mais em conta, embora tenha sofrido reajustes. O peito resfriado custa, em média, R$ 10,56, variação de 5,72%. Já o quilo da coxa e sobrecoxa foi de R$ 10,25 para R$ 10,74, alta de 4.76%.
Os chineses adquiriram 55% da produção brasileira de porco, 50% das peças de boi, além de 17% das aves.
“Infelizmente, no inverno, o cenário para o consumidor deve piorar, pois entraremos em época de seca. Isso faz com que o preço dos insumos da produção de carne – como a soja e o milho, base da ração animal – aumetem. Com isso, a carne aumenta ainda mais. A situação, portanto, vai piorar e não tem perspectiva de melhora. As pessoas podem se preparar ”, ressalta Feliciano Abreu.
O especialista chama a atenção para o fato de que manter a carne no prato tem exigido malabarismos cada vez maiores do consumidor.
“Cortes que, há um ano, nem eram anunciados, pois a procura era muito baixa, agora constam nos folhetos como promoções. Por exemplo, carcaça de frango e recortes de costela suína. Eram produtos até então vendidos a custo baixíssimo, para públicos específicos ou de muito baixa renda. Ocorre que até o frango, a alternativa mais barata, ficou proibitivo para muitos bolsos. A solução encontrada por essas famílias foi recorrer a esses produtos”.
Variação de 102%
Mesmo para quem está com as finanças equilibradas, a recomendação é pesquisar, pois a variação de preços nos açougues chega a 102%. É o caso da picanha, que pode custar de R$ 37,99 até R$ 76,90 por quilo, dependendo do estabelecimento.
Vendido de R$ 39,99 até R$ 76,90 o filé mignon oscila 92%. O quilo da chã de fora vai de R$ 29,99 a R$ 54, variação de 80%. Já a fraldinha oscila 72% – de R$ 28,99 até R$ 49,90.