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Bertin confirma disposição de não renegociar preços com a Rússia

<p>Frigoríficos brasileiros não estão dispostos a renegociar preços com o mercado russo.</p>

Redação (22/11/06) – Confirmando informações levantadas na última sexta-feira (17), pela Agência SAFRAS junto à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes-ABIEC, a direção do Grupo Bertin disse ontem que os frigoríficos brasileiros não estão dispostos a renegociar preços com o mercado russo.

Há cerca de 10 dias os frigoríficos brasileiros foram surpreendidos com a
notícia de uma suposta suspensão dos embarques de carne bovina pela Rússia mediante argumentos de perda de prazo de entrega, o que levou o setor exportador a se reunir rapidamente com a ABIEC na busca de um posicionamento de mercado interno.

“O que houve foi um caso isolado de um importador sediado na Holanda e que trabalha no mercado russo, que por uma questão de falta de planejamento ou de planejamento mal feito queria renegociar preços com os frigoríficos do Brasil. O setor brasileiro agiu rapidamente e mostrando grande maturidade decidiu não negociar preços”, relata o diretor de Mercado Externo da Divisão de Alimentos do Grupo Bertin, Marco Bicchieri. 

O boato de quebra de contrato de mercado russo teve impacto no mercado mundial da carne e fez inclusive com que alguns frigoríficos brasileiros falassem em férias coletivas aos funcionários em pleno mês de novembro, mas de acordo com a direção do Grupo Bertin a situação está sob controle. 

“Houve impacto, sim, pois o mercado mundial de carne deu uma parada para ver o que podia acontecer, mas esse impacto está sendo absorvido”, sustenta o diretor do Grupo Bertin, para quem a ABIEC deve entrar com um comunicado oficial esclarecendo a posição dos exportadores.

Bicchieri pondera que por parte da indústria a decisão está tomada e que não haverá negociação de preços. “Não houve perda de prazo, os frigoríficos brasileiros estão cumprindo rigorosamente os acordos fechados e a situação desse importador, em particular, está sendo resolvida nesses próximos dias”, observa.

Na sua opinião, o cliente em questão causou uma situação difícil para o mercado brasileiro, mas não imaginava que do lado do Brasil houvesse uma reação tão madura e firme. Destaca que o congestionamento no Porto de São Petersburgo nessa época é normal, que o Porto chega a congelar, mas que de modo algum está havendo atraso na entrega por parte dos frigoríficos brasileiros.

“A decisão de não negociar preços foi uma posição muito importante.
Mostramos que não só somos o maior exportador de carne bovina do mundo como também somos uma classe unida e não aceitamos mais este tipo de argumento”, enfatiza o diretor de Mercado Externo da Divisão de Alimentos do Grupo Bertin. 

Bicchieri não revela a quantidade de carne negociada pelos frigoríficos
brasileiros e nem o nome do importador, mas antecipa que o próprio governo russo não está aceitando esse tipo de comportamento. Conforme o dirigente, se não houver pagamento por parte desse cliente a carne vendida pelo Brasil será recolocada no mercado russo pelo preço real de venda. A negociação em questão envolve vários tipos de corte negociados a preços que variam de US$ 1.007/ton a US$ 3.300/ton. 

Quanto à possibilidade de antecipação de férias coletivas, o dirigente
limitou-se a dizer que esta é uma situação particular de cada frigorífico.

O Frigorífico Bertin operou com volumes menores para a Rússia em 2006 em decorrência dos embargos à carne brasileira por aftosa, decretado ainda no final do ano passado, mas estima ter negociado cerca de 4 a 5 mil ton. “São Paulo e Goiás, por exemplo, só voltaram a exportar para a Rússia a partir de 05 de outubro último”, lembra o dirigente. Para 2007, a expectativa é de que o Grupo Bertin venha a negociar cerca de 10 a 15 mil ton de carne bovina com o mercado russo. Pelas estimativas do diretor, a Rússia deve importar cerca de 800 a 850 mil ton de carne bovina no próximo ano.