Dona da maior unidade de produção de biodiesel do Brasil em termos de capacidade diária de produção autorizada pelo governo, a americana ADM escolheu Joaçaba, em Santa Catarina, para ampliar sua aposta no segmento. Como informou ontem o Valor, a multinacional começará a construir na cidade catarinense, em março, a segunda planta brasileira do biocombustível, que elevará sua capacidade de produção total nesta frente em mais de 50%.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em Rondonópolis, Mato Grosso, onde está a unidade da múlti já em operação, a capacidade diária autorizada é de 955 metros cúbicos por dia. Granol, Brasil Ecodiesel, Caramuru Alimentos e Petrobras Biocombustíveis têm capacidades totais maiores, mas com mais unidades.
Em setembro, conforme a ANP, existiam 62 plantas de biodiesel autorizadas a operar no País, com capacidade total autorizada de 14,6 mil metros cúbicos diários. Já havia também autorização para quatro novas unidades e para a ampliação de outras nove, o que deverá representar, no total, mais 2,2 mil metros cúbicos diários.
Tais projetos ganharam mais fôlego a partir da elevação do percentual de mistura de biodiesel no diesel no país, que em 1º de janeiro deste ano aumentou de 3% para 5%. E fontes dessa indústria sustentam que seria possível, mesmo no curto prazo, partir para um salto para 20%.
“O Brasil tem sido um líder mundial na criação de uma robusta indústria nacional de combustíveis renováveis, que atende objetivos sociais e ambientais. E com a recente implementação da mistura de 5% de biodiesel em 2010 – três anos antes do previsto – a demanda por biodiesel no Brasil continua a crescer”, afirmou Domingo Lastra, presidente da ADM do Brasil, em comunicado divulgado na terça-feira.
Segundo a empresa, a fábrica de biodiesel de Joaçaba, a primeira do segmento em Santa Catarina, deverá ser concluída no primeiro semestre de 2012. Ela será erguida dentro de um complexo de processamento de soja e refino de óleo da ADM já existente.
Nesse complexo, o grupo tem capacidade para processar 475 mil toneladas de soja em grão e refinar 73 mil toneladas de óleo de soja por ano. Com a nova planta de biodiesel, a capacidade de refino de óleo deverá aumentar para 110 mil toneladas anuais.
No comunicado em que Lastra comenta o aporte em biodiesel, a ADM lembra que iniciou operações no Brasil em 1997 – foi a última das grandes tradings multinacionais a chegar ao país, depois de Bunge, Cargill e Louis Dreyfus -, depois de comprar fábricas de processamento de soja em Rondonópolis (MT), Campo Grande (MS), Joaçaba (SC), Três Passos (RS) e Paranaguá (PR).
Em 2002, abriu uma fábrica de mistura de fertilizantes em Rondonópolis e em 2007 começou a produzir biodiesel no complexo localizado na cidade. Hoje também conta com outras duas misturadoras de adubos, em Catalão (GO) e Paranaguá, e com uma planta de processamento de cacau em Ilhéus (BA). Tem 3 mil funcionários e é a quinta maior exportadora do país.
A empresa não divulga seus resultados brasileiros, mas na terça-feira reportou os globais. No total, a receita líquida alcançou US$ 16,799 bilhões no trimestre até 30 de setembro, 12,6% que em igual intervalo do exercício anterior. O lucro líquido caiu 30,4%, para US$ 345 milhões.