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Biomassa

Biomassa cresce na matriz energética nacional

Nos últimos anos a demanda mundial por energias renováveis vem aumentando, e quase metade do consumo foi atendido por fontes de biomassa tradicional, como combustão direta de madeira, carvão vegetal, resíduos agrícolas, entre outros.

Biomassa cresce na matriz energética nacional

Nos últimos anos a demanda mundial por energias renováveis vem aumentando, e quase metade do consumo foi atendido por fontes de biomassa tradicional, como combustão direta de madeira, carvão vegetal, resíduos agrícolas, entre outros.

No Brasil, embora o grande destaque na geração de energia renovável provenha principalmente da energia hidroelétrica, que sozinha responde por 64% da produção nacional, a biomassa vem conquistando mais espaço e já supera 8% da produção de energia total nacional, ficando atrás do gás e do petróleo, que, juntos, representam quase 16% da matriz energética.

Um estudo recente divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) destaca que os investidos no último ano em energias renováveis no mundo cresceram consideravelmente, especialmente em países em desenvolvimento, como China, Brasil e países africanos. Estes mesmos investimentos se refletem diretamente na maior oferta de empregos e renda.

Entretanto, o crescimento mais acelerado desta fonte de energia renovável depende ainda de investimentos em tecnologia e maior diversificação no aproveitamento de resíduos da biomassa.

Resíduos da colheita e industrialização da cana de açúcar, aproveitamento florestal, resíduos da colheita de safras agrícolas e até mesmo de resíduos sólidos urbanos são grandes fontes de matérias primas para a geração de energia renovável, além de em muitos casos ser uma excelente solução para problema de passivo ambiental.

O potencial instalado no Brasil para produção de energia gerada da biomassa atingiu, somente em 2013, 11.250 MW, o que equivale à produção de energia prevista para a Usina de Melo Monte, a qual está estimada em 11.233MW. Esta energia é proveniente de 496 usinas de biomassa que estão em operação no país atualmente, a grande maioria com o uso do bagaço e a palha da cana-de-açúcar como matéria prima.

No caso específico dos resíduos da biomassa da cana-de-açúcar o aproveitamento é total. De cada tonelada do produto, 250 kg é bagaco e outros 204 kg, palha e pontas. Tudo pode ser reaproveitado para geração de energia elétrica. Como em São Paulo, a partir de 2014, toda a colheita passou a ser mecânica, isto significa que o aproveitado passou a ser de quase 98% da casca e folha, e por consequência direta a produção de energia deve aumentar entre 40% e 50.

Levantamento recente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), aponta que a energia elétrica gerada pelas usinas beneficiadoras da planta é suficiente para atender a toda a demanda da produção de etanol e açúcar durante a safra. Das 370 usinas existentes, 160 também fornecem energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Juntas, elas levaram à rede 1.381 Megawatts (MW) médios , o que corresponde, por exemplo, a 45% do consumo de energia da cidade de São Paulo. A capacidade instalada dos resíduos da cana hoje é de 8.974 MW, ou 6,77% da produção nacional.
O levantamento indica ainda que se todo o bagaço produzido for aproveitado, até 2021 o setor poderá oferecer ao Sistema Interligado Nacional cerca de 10 Gigawatts (GW) médios. Contudo o setor ainda necessita de uma política setorial de longo prazo, com mais investimentos em tecnologia e modernização das unidades em operação.

Apesar de o Brasil ocupar uma posição de destaque mundial na geração de bioenergia, o país ainda está aquém de outras nações no que diz respeito ao aproveitamento dos resíduos da biomassa. Sem considerar que a indústria poderia ampliar a produção e agregar valor aos resíduos agrícolas, agroindustriais e agroflorestais, especialmente com a produção de outros produtos como pellets e briquetes.

Além de resíduos da cana e do florestal , outras fontes também se destacam e surgem com um grande potencial energético. É o caso, por exemplo, da casca de arroz. Hoje, existem no país nove usinas que transformam o resíduo em energia. Juntas, elas geram 36,4 MW de potência, ou seja, 0,03% da produção nacional. Este volume ainda é pequeno, mas se toda a capacidade instalada existente no Brasil fosse aproveitada, seria possível produzir cerca de 200 MW de potência.

Juntamente a esta fonte de biomassa energética existem outras que não estão sendo aproveitadas, e em muitos casos tornam-se até mesmo problemas ambientais a partir de seu acumulo. A necessidade de uma política de governo que amplie os investimentos e incentive a adoção de fontes alternativas de geração de energia por meio de biomassa é uma das prioridades.